Por 17 votos a três, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara rejeitou nesta quarta-feira (23) requerimento apresentado pelo PT para que o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) fosse convocado ao colegiado para explicar a denúncia feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que ele o teria pressionado a produzir um parecer técnico para liberar a construção de um prédio no qual adquiriu um apartamento.
Votaram a favor do requerimento apenas três deputados do PT: Adelmo Leão (MG), Paulão (AL) e Jorge Solla (BA), que apresentou o requerimento. Os que votaram para que a convocação fosse derrotada são do PMDB, partido de Geddel, PP, PTB, Pros, PR, PRB, PV, DEM, PSDB e SD.
“Ele [Geddel] acha que não é nada demais prevaricar. Ele acha normal tentar mudar um parecer de um órgão público para fins pessoais”, disse Solla antes da votação.
“Se um ministro de estado não puder ligar para um colega seu para tirar uma dúvida ou tratar de qualquer assunto, vamos ficar reféns da política”, afirmou Cacá Leão (PP-BA). “Tenho certeza absoluta que não houve crime nesta questão. O que tinha que ser dito já foi dito. Acho que a gente tem coisa mais importante para ser feita”, completou.
Em votação simbólica, governistas também derrotaram outro requerimento apresentado por Solla, desta vez para que Calero fosse convidado à comissão.
Geddel Vieira Lima é investigado pela Comissão de Ética da Presidência da República. Em entrevista, ele reconheceu que tratou com Marcelo Calero sobre um projeto imobiliário na Bahia, mas negou que o tenha pressionado a produzir um parecer técnico para liberar o empreendimento.
Ele confirmou que, no ano passado, fez uma promessa de compra e venda de uma unidade no condomínio e afirma que, justamente por ter conhecimento do impasse imobiliário, tinha legitimidade para levar a questão ao então ministro da Cultura.
Nesta quarta-feira, a Folha de S.Paulo revelou que parentes do ministro representam o empreendimento La Vue junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e que outros também compraram imóvel no local.
O jornal também mostrou que o conselheiro José Saraiva, integrante da Comissão de Ética da Presidência que foi indicado para o posto com o apoio do próprio ministro, é advogado da Ademi (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário) da Bahia, entidade que representa as construtoras na unidade da federação. Após a publicação, ele se declarou impedido de analisar o procedimento de investigação contra o ministro da Secretaria de Governo.
Defesa
Apesar de não ser membro da comissão, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), participou da sessão.
“O PT é um partido que não tem legitimidade nenhuma para apresentar um requerimento como este porque o PT é o responsável pelo maior escândalo de corrupção do país”, afirmou Moura, para quem a denúncia contra Geddel é “pontual”.
No dia anterior, Moura já havia liderado um grupo de líderes governistas que prestou apoio a Geddel. “Quero que me digam qual foi o crime praticado pelo ministro Geddel que até agora não consegui enxergar”, disse o líder do governo ao orientar a votação da base na comissão.
Bate-boca
O deputado Wladimir Costa (SD-PA) fez uma série de xingamentos ao PT e ao deputado Paulão (PT-AL). A confusão começou quando Costa falava contra o requerimento.
“A bancada do PT parece que sofre de ‘Geddelfobia’. É o discurso do ódio. O ministro Geddel provoca sentimento de ódio no coração dos petistas fracassados. Quem é o PT para vir cobrar moralidade, ética?”, provocou o deputado do Solidariedade.
“O PT nada mais é que uma grande organização criminosa. Vagabundos, desrespeitosos que vêm usar de ilações para atrair holofotes. Lave a boca com soda cáustica para falar do ministro Geddel. Seus imundos, irresponsáveis, desqualificados, despreparados”, continuou.
Paulão reagiu e disse que Wladimir já havia sido preso. “Isso é um bandido!”, bradou o petista.
O deputado pelo Pará, então, baixou o nível. “Preso foi a tua mãe, seu vagabundo! Só se foi a prostituta da tua mulher!”, disse aos gritos.
Ainda há requerimentos de convocação de Geddel na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Folhapress
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