22 de novembro de 2024
Política

Deputados avaliam os seis meses do governo Caiado

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)

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Às vésperas de completar seis meses no cargo, o governador Ronaldo Caiado (DEM-GO) não tem tido vida fácil. Crises constantes com servidores públicos e até com estudantes quando o governo do Estado ameaçou modificar o Passe Livre Estudantil geraram ruídos entre a sociedade goiana e um governador que foi eleito em primeiro turno com uma expressiva votação de quase 60% dos votos válidos. Quase 180 dias após Ronaldo Caiado assumir o governo do Estado, o Diário de Goiás entrevistou alguns deputados da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) que fizeram suas analises atuais sobre a forma de governar de Caiado e também suas expectativas para os próximos três anos e meio. Os parlamentares adotaram um tom firme em suas respostas. Frases como “discurso repetitivo”, “incompetência administrativa”, “servidores estão desmotivados”, “sem integração com a sociedade” foram utilizadas pelos deputados.

O deputado Lucas Calil (PSD), subiu o tom crítico e comparou o governo a um “elefante branco numa loja de louça” que não sabe o que faz. Para ele, falta planejamento e não há plano de governo. “É um grande elefante numa loja de louça, totalmente atrapalhado não tem meta a ser cumprida, sem nenhum plano de governo, sem nenhum planejamento. Até hoje não conseguiram se quer pagar o salário de dezembro mesmo com tantos dados e com números que mostram que a arrecadação cresce de forma descomunal, até pelas iniciativas do governo e além disso quiseram acabar com o Passe Livre Estudantil, quiseram acabar com o Jovem Cidadão, fecharam 18 escolas, 56 escolas de tempo integral. Estão massacrando os nosso produtores, os nossos empresários, o governo quer colocar a mão no FCO no valor de R$1 bilhão que era para fomentar o desenvolvimento do Estado através do produtor principalmente o rural e o governo quer se apropriar disso. Temos a parte política onde ganharam a eleição com o discurso de que acabariam com os conchavos e a gente vê a verdadeira farra do boi dentro do Palácio das Esmeraldas oferecendo cargos a troca de votos na Assembleia. Então, é um governo primeiro que mostra a sua incoerência e também a sua incompetência administrativa. Hoje, nós temos mais de 70% das estradas sem nenhum tipo de reparo e paralelo a isso nós temos R$60 milhões nos caixas da Goinfra. Demoraram 78 dias para uma sequer movimentação dentro do caixa, ou seja, falta gestão, espírito público e sobra muito incompetência”, expressou.

O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, deputado Lissauer Vieira (PSB) moderou o tom e disse que o governo pegou o Estado numa situação difícil, mas afirmou que falta um pouco mais de planejamento, mas ainda existe esperança. “Eu acho que o governo pegou um situação um pouco difícil na questão orçamentária e financeira e não é da noite para o dia que vai conseguir resolver todos os problemas. Penso, e isso é opinião minha pessoal que o governo precisaria ter um pouco mais de planejamento, que nós não temos que trabalhar somente olhando no retrovisor. Os problemas estão aí para serem enfrentados. Agora, o que precisamos é unir as nossas forças do executivo através de seus auxiliares, precisa planejar. Existe planos A, B e C para entrar no plano de regime de recuperação fiscal, esse ano a Assembleia já deu uma resposta para o governo e positiva para a sociedade. Ajudamos , na reforma Administrativa, tivemos a condição de votar alguns processos de suplementação orçamentária da Educação para ajudar no pagamento da folha de dezembro. Tem mais duas parcelas e quando pagar isso ai vai dar um fôlego maior  para o governo. Tenho a esperança de que vamos viver dias melhores, mas até hoje a gente ainda não conseguiu enxergar é um planejamento efetivo em ações que seja na área da saúde, da educação ou em qualquer área. As dificuldades financeiras todos já sabem agora é preciso planejamento”, disse.

Crítico ferrenho das gestões anteriores no Estado, Major Araújo (PRP) foi um pouco mais moderado em sua fala, mas ainda assim não deixou de tecer suas críticas: “O governo ainda não disse ao que veio”. “Um governo difícil, não é fácil suceder o Marconi a verdade é essa. Existe muita conspiração também contra o governo Caiado por um governo que permaneceu 20 anos e naturalmente tem influência sobre a classe comercial, sobre o judiciário… Falta também um pouco de iniciativa do próprio governador em relação a renovação que deveria ter sido feita na sua equipe, porque houve a permanência de muitas pessoas que já estavam servindo o governo anterior e que para mim conspiram contra o próprio governo. Em algumas questões o Caiado não tem conduzido bem, ele precisa romper com o passado, não pode continuar as práticas adotadas pelo Marconi. É preciso fazer melhor do que está sendo feito, em partes as dificuldades financeiras não ajudam, mas se ele adotar as medidas que precisam ser tomadas, por exemplo, são vários alugueis altíssimos, o aluguel de onde está a secretária de saúde num prédio recém construído, prédio novo no metro quadrado mais caro de Goiânia, enquanto nós temos prédios que pertencem a própria saúde por estão lá a venda e que o valor não vai pagar nem um ano de aluguel. Nós precisamos cortar gastos e algumas questões. Eu sou crítico do sistema de Os, sinceramente se nós quisermos ter um Estado com saúde financeira boa é preciso adotar as práticas diferentes que o governo passado adotou. Desgaste com o servidor público mais também com o povo em geral, as questões mais cruciais, mais difíceis não estão sendo enfrentadas. O governo não disse ainda ao que veio, a saúde continua a mesma coisa, a educação também não avançou os servidores desmotivados, os problemas mais difíceis não estão sendo enfrentados.”

Thiago Albernaz, do Solidariedade, adotou um tom mais positivo e tem uma melhor expectativa do futuro do governo caiadista. “Existe uma disposição de fazer um bom governo”, pontuou. “Primeiramente de forma positiva, vejo que ele tem tido boas intenções a administrar a máquina pública. É preciso alguns ajustamentos com todo o seu secretariado para determinação de metas e objetivos. Vejo que falta por parte de algumas secretarias determinação do que tem que entregar ao final de quatro anos. Existe um espírito público extremamente positivo tanto da nossa primeira dama quanto do governador Ronaldo Caiado da disposição de fazer um bom governo. Agora, precisamos oxigenar melhor a máquina pública, alguns secretários precisam saber de fato o querem entregar ao governo no final de quatros anos. Essa tem sido a nossa crítica para que de fato possamos ter um governo que entregue resultados para a população”, completou.

Quem também está positivo com o futuro é o deputado democrata Alvaro Guimarães. Do mesmo partido que o governador, ele critica a situação precária do Estado quando Caiado assumiu o cargo, mas também enxerga um futuro melhor. “A gente já vê uma luz no fim do túnel”. “Eu penso que seria bem melhor se o governador tivesse começado a sua administração com a situação melhor do Estado do que essa de sucateamento , de dívidas que não sabia que estavam vencidas. Mas, a gente já vê uma luz no final do túnel para que possamos dar a ele uma condição melhor nesses próximos seis meses. A situação não foi boa e ele sabe disso, nós sabemos, mas a esperança nossa é de onde está arrecadando e não está jogando dinheiro para o ralo esse dinheiro certamente será bem investido e bem colocado em prática. Acho que ele fez o que podia fazer, mas acho que vai fazer um bom governo a partir desses seis meses”, salientou.

O petista Antônio Gomide relembra que Caiado foi eleito com uma margem expressiva ainda em primeiro turno. Por isso, a expectativa em torno dos primeiros meses era maior e isso gera frustração. O que esperavam era uma mudança de comportamento político em comparação as gestões anteriores, o que não foi visto até agora. “O que nós estamos vendo nesses primeiros seis meses do governo Caiado é que tem frustrado a possibilidade de ter um projeto em Goiás daquilo que ele ganhou nas eleições. Uma eleição onde ganhou dentro do primeiro turno e uma expectativa muito grande de mudança de comportamento em relação ao governo anterior. Tivemos algumas ações que achamos que é muito pequeno para poder alavancar o Estado de Goiás da necessidade que Goiás precisa em gerar emprego, renda, melhorar a saúde, melhorar a educação, dar segurança. O que nós tivemos foi um governo acuado, extremamente dependente daquilo que pode ser dado pelo governo federal ao Estado de Goiás. Caiado e a secretária de Economia insiste na regularização fiscal e um empréstimo em nível federal e não apresenta nada. Vejo a necessidade de que tenha projetos para o Estado é preciso que o governador tenha um foco, um objetivo. Existe um debate onde o governador repete em todo discurso o diagnóstico de que foi encontrado o Estado e isso todos nós sabemos. Nós concordamos com ele, mas quando ele ganhou a eleição ele sabia disso, e além disso disse que seria a solução para buscar um novo caminho para Goiás. Mas, o que estamos vendo é que está direção ele ainda não deu, não tem nenhum projeto apresentado até hoje que mostre isso. Aliás na educação está um desastre , tivemos fechamento de escolas, anunciou a possibilidade de fechamento de alguns campus da UEG, diminuição de recursos, mas nada que pudesse mostrar que Goiás vai ter um governo que venha melhorar. Eu vejo que ele ainda está com atuação de deputado e senador, a população está esperando uma atitude”, explica.

Vinicius Cirqueira, do PROS, também adota um discurso moderado ao tecer críticas. O deputado faz menção a transição do governo. Para ele, Caiado recebeu uma batata quente difícil de segurar e um estado com salários atrasados, estradas deterioradas e um orçamento que não existia. Por esses motivos, ele considera que o governo não é um desastre e acredita que Caiado irá superar todos esses problemas. “O governo acaba de cumprir a sua primeira fase haja vista a dificuldade que o governo enfrenta pela situação que foi passado o governo, salários atrasados, estradas deterioradas um orçamento virtual que não existia. Não é fácil você pegar uma máquina do tamanho que é a estatal e deslumbrar e deslanchar em seis meses. Ele cumpre o seu primeiro papel para que no segundo semestre possa mostrar a sua cara e dar essa alegria ao povo goiano novamente. Esse desgaste, ele era imprescindível devido a maneira que foi encontrado o Estado, com o não pagamento dos servidores, e isso porque foi deixado uma divida, tem esse desgaste mas vai ser ultrapassado e vai ser recuperado com o trabalho que o governador vem demonstrando”, ressalta.

Uma das únicas mulheres com cargo na Assembleia, Lêda Borges (PSDB) também não economizou adjetivos para as críticas ao governo. “Estamos vendo um governo que não está dando conta de governar”, pontuou sobre os primeiros seis meses de gestão. “De incompetência, de secretários forasteiros que não conhecem o nosso Estado, um governo sem planejamento, um governo que pensa em um Estado mínimo e não o Estado necessário e isso faz com que não chegue aos municípios a prestação de serviço essenciais para os cidadãos goianos, decepção total. Romper com o passado não é romper com o povo, tudo que é bom para o povo, os programas, as ações, os planejamentos temos que avançar e não romper. O governo não é de um governador e sim de um povo. O que estamos assistindo é um Estado mínimo. Eu já fui prefeita e recebi também parcelas de serviços contínuos, isso não significa divida, o que se encerra é quem governa, mas as obrigações são de todos isso não justifica a incompetência, a falta de planejamento. Um Estado mínimo onde nada justifica a falta de trabalho e de atenção e de solidariedade para com o povo na sua obrigação de governar. Estamos vendo nesses seis meses um governo que não está dando conta de governar”.

Talvez o deputado que mais tenha sido moderado em sua fala, o emedebista Paulo Cezar disse que o governo tem sido pautado na “presença de honestidade, de moral e o caráter”. Relembrou as dívidas do estado e que pouco a pouco, Caiado vai conseguindo economizar para enfim poder governar melhor. “Está tendo algumas dificuldades, mas eu tenho entendimento que ele está buscando a estabilidade”, assegurou. “O governador de certa forma como tem definido a presença da honestidade, da moral e o caráter, que isso é de todo governo e o Caiado carrega isso com muita naturalidade. Está enfrentando algumas dificuldades em alguns detalhes em algumas secretarias, mas ele está enxugando e economizando, por exemplo, a Secretaria da Educação gastava R$ 800 mil de aluguel por mês , então o governador conseguiu enxugar isso. Está tendo algumas dificuldades, mas eu tenho entendimento que ele está buscando a estabilidade do Estado de Goiás, tem muita dívida, muitos compromissos. A gente precisa de muita reflexão porque do jeito que está indo mesmo com a moral e caráter não vai dar conta”, disse.

Uma das vozes mais contundentes da oposição na Assembleia, o deputado do PSDB, Talles Barreto não poupou críticas a Caiado. “Não é porque sou oposição”, deixou claro. Ele fala de um “governo perdido” que “não tem norte” nem objetivos importantes. “São seis meses muito ruins”, salienta. “Não é só porque eu sou oposição, na realidade a sociedade já sentiu isso. Hoje, o capital político do governador ele está reduzido nas nossas pesquisas por mais de 50% e é a cara desses seis primeiros meses. Governo perdido, secretariado de fora sem nenhum tipo de integração com a sociedade e com o povo goiano. Um governo que fez opção equivocada de não pagar dezembro de projetos ruins para a Casa. Não tem um norte, não tem uma linha, objetivos importantes. O governador atual se organizou para ganhar as eleições e não para governar Goiás. Não se preparou para governar Goiás. Eu tenho a convicção de que esses seis meses são muito ruins, tem que mexer, tem que fazer algo diferente. Fica esperando um regime de recuperação fiscal do governo federal que dificilmente vai vir e não fez o dever de casa. Um secretariado que está muito a quem, a gente tem medo. As atitudes que estão sendo tomadas são impensadas e sem planejamento. Não vimos nenhum programa de evolução aqui e Goiás, então infelizmente nesses seis meses o governo deixou muito a desejar. Muito abaixo até do que esperávamos, ele tem que se reavaliar”, completou.

 

 

 

 


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