O deputado federal Elias Vaz vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) para apurar a participação da filha do ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma offshore. A empresa, de acordo com o parlamentar goiano, é mantida num paraíso fiscal no Caribe.
A representação tem como base documentos encaminhados por Guedes à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Segundo Vaz, a documentação mostra que o ministro omitiu que, quando deixou a direção da empresa para assumir a pasta, a filha, Paula Drumond Guedes, que também é sócia, continuou como diretora da empresa.
Em 2019, quando se tornou ministro, Guedes não apresentou essa informação na Declaração Confidencial de Informações (DCI) exigida pelo governo. Segundo a documentação a que o deputado teve acesso, ele foi diretor de 2014 a 2019 e a filha é diretora desde 2015. Além disso, a esposa do ministro também é sócia da offshore.
“Entendo que a empresa está sob suspeita. É no mínimo muito estranho Guedes ter omitido essas informações. Por isso, é importante que o Ministério Público Federal analise o extrato de desempenho dessa offshore para saber se não foi beneficiada por informações privilegiadas que Guedes obteve por ser ministro”, afirma Elias Vaz.
O deputado também explica que vai insistir que Paulo Guedes cumpra a convocação proposta por ele e aprovada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara Federal.
“O que tanto Guedes tem a esconder? Se a offshore é legal e não foi privilegiada, como ele alega, por que o ministro está fugindo? Nós não vamos abrir mão do nosso direito de fiscalização parlamentar. E não é só para nós, deputados, que Guedes tem que se explicar, toda a sociedade merece uma satisfação”.
Guedes e offshores
Guedes apareceu no Pandora Papers como proprietário de uma offshore no exterior e foi acusado por parlamentares de se beneficiar com a alta do dólar. O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos apontou que o ministrou ganhou R$ 16 milhões com a valorização da meda americana.
O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários de alto escalão de manter aplicações financeiras que sejam afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas àquelas sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”.
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