A Arena Verde, em Palmas, Tocantins, recebeu as competições demonstrativas pela primeira primeira vez nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI).
Ontem (24), foi a vez dos primeiros jogos demonstrativos serem apresentados. Estas modalidades não fazem parte do programa competitivo e foram apresentadas pelo povo praticante ao público e aos indígenas de outras nações.
As arquibancadas ficaram lotadas por gente que vibrou o tempo todo com cada modalidade e cada etnia.
Arqueiros da Mongólia abriram as apresentações esportivas. Eles atiraram flechas contra um pequeno alvo, a uma distância superior a 70 metros.
Eles aumentavam a distância a ponto de estarem em uma ponta da arena e o alvo em outra. A precisão dos mongóis empolgou a plateia. Por diversas vezes, a flecha atingiu o alvo ou chegou bem perto.
Em seguida, uma arqueira também disparou flechas na arena e foi bastante aplaudida.
O flecheiro Hurelbaatar Badarch, do povo khalkh, conta que é impossível separar a história do povo mongol do arco e flecha.
“O arco e flecha desempenhou um papel crucial na nossa história. Foi por meio dele que o nosso grande imperador Gêngis Khan conquistou o maior império do mundo. É um instrumento que tem uma importância significativa em nossa sociedade”, disse.
Algumas etnias brasileiras não permitem que mulheres manejem o arco e flecha por ser um instrumento de guerra – e elas, por serem consideradas fonte de vida, não devem ter contato com algo que fere de morte.
Na Mongólia, elas podem praticar o arco e flecha com poucas restrições e com desempenho próximo ao dos homens: elas conseguem alcançar a distância de 65 metros, contra os 75 metros que eles atiram.
“O nosso povo pratica (o arco e flecha) desde os dois anos de idade e até quando viver, tanto os homens quanto as mulheres. Por lá, também existem modalidades que são exclusivas para os homens, mas a que mostramos aqui é a mais praticada no país, inclusive por elas”, afirmou Badarch.
Em seguida, os mexicanos ocuparam as areias da Arena Verde e jogaram a Pelota Mixteca.
Com o auxílio de uma luva especial feita com várias camadas de couro, pesando cerca de 5,5 quilos e repleta de cravos de metal, os jogadores rebateram uma bola de 900 gramas para o time oposto.
“Existe semelhança com a pontuação do tênis. É um esporte pouco comum no México. Jogamos dois ou três torneios o ano todo”, disse José Luiz Arellanes, originário do povo asteca.
Em seguida, o apresentador chamou um atleta da Nova Zelândia e um rapaz da plateia para experimentar a modalidade. Eles jogaram a Pelota Mixteca pela primeira vez e divertiram os espectadores.
“Estamos apaixonados pelo Brasil. Nossos corações ficarão aqui”, disse outro representante dos mexicanos. Eles presentearam Carlos Terena, do Comitê Intertribal, com uma bola comemorativa.
Os kayapós trouxeram para a arena principal o seu rõnkrã, uma espécie de hóquei praticado no chão de terra batida de suas aldeias.
Com ajuda de um bastão, as duas equipes rebatem um coco de babaçu até uma linha imaginária traçada no campo de cada um. Quem conduzir a “bola” até o outro lado soma pontos. Os pataxós praticaram a corrida de maracá, corrida de revezamento onde o “chocalho” tradicional não pode cair no chão.
Os Xavantes apresentaram a corrida de tora de buriti. Depois, eles ajudaram os mexicanos a experimentar o jogo. Índios brasileiros e mexicanos juntos, correndo com a tora nas costas e escrevendo um novo capítulo na história dos indígenas do mundo.
Foi a primeira grande cena de união esportiva entre os povos e nações presentes aos jogos, algo que deve se repetir muito até o final da competição.
Com informações da Agência Brasil
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