20 de dezembro de 2024
Ameaça de greve

Delegados reagem a uso político da imagem da PF por Bolsonaro e ameaçam até parar

Os delegados falam em carreatas e manifestações em frente às unidades dos órgãos.
Os delegados citam ainda uma 'cobrança pública e direta' do ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. (Foto: Marcos Correa / PR)
Os delegados citam ainda uma 'cobrança pública e direta' do ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. (Foto: Marcos Correa / PR)

Os delegados da Polícia Federal anunciaram nesta quinta-feira, 21, a aprovação de uma série de medidas em reação ao que chamam de ‘clara omissão’ do governo Jair Bolsonaro com relação à reestruturação de carreiras da corporação. Entre ações previstas pela classe estão a recomendação para que delegados não realizem viagens em missão sem o pagamento prévio de diárias e o envio de um ofício ao Diretor-Geral Márcio Nunes de Oliveira para que, em 30 dias, ele estabeleça critérios para compensação ou remuneração do sobreaviso da classe.

Junto da Federação Nacional dos Policiais Federais e de demais entidades que representam os integrantes da PF, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal participará das manifestações da classe marcadas para o próximo dia 28, em todo País. Os delegados falam em carreatas e manifestações em frente às unidades dos órgãos.

Além disso, a ADPF aprovou um indicativo de paralisação das atividades juntamente com as associações que representam a categoria, o qual será ratificado em uma assembleia geral extraordinária prevista para o dia 2 de maio. Os delegados citam ainda uma ‘cobrança pública e direta’ do ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, a partir de tal data, caso não seja assinada a Medida Provisória da reestruturação da PF até lá.

Os delegados ainda querem marcar reuniões com presidenciáveis para ‘expor a necessidade de um verdadeiro compromisso com a valorização dos policiais da união que não ocorreu nos últimos anos’. Entre as pautas que a classe deseja levar aos candidatos estão: a necessidade de mandato para Diretor-Geral da Polícia Federal, com lista tríplice; sobreaviso remunerado; aumento dos valores das diárias; plano de saúde; estruturação de apoio psicológico; e a tão falada reestruturação das carreiras policiais federais.

“Caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político”, afirmou a ADPF em nota.

Os delegados se dizem ‘frustrados’ com a ideia do governo de conceder aumento geral de 5% a todos os servidores civis e militares, como acertado em reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Considerados uma importante base eleitoral do governo, os policiais federais haviam recebido a promessa de Bolsonaro da reestruturação das carreiras, com aumento de salário acima da inflação.

Como mostrou o Estadão, na segunda-feira, 18, Anderson Torres chegou a se reunir com representantes das polícias da União, com o intuito de contornar a insatisfação da classe. Na ocasião, o ministro da Justiça chegou a dizer que o reajuste de 5% para todo o funcionalismo ainda não foi fechado. (Estadão Conteúdo).

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