16 de setembro de 2024
MISS TRANS

Delegado é absolvido de acusações de estupro e embriaguez ao volante; advogado da vítima vai recorrer

Decisão fala que relação sexual pode ter sido consentida, apesar da mulher relatar que foi vítima de violência sexual
Delegado foi inocentado da acusação de estupro contra miss trans e pode voltar ao carto - Fotomontagem redes sociais
Delegado foi inocentado da acusação de estupro contra miss trans e pode voltar ao carto - Fotomontagem redes sociais

O delegado Kleyton Manoel Dias foi absolvido pela Justiça de Goiás das acusações de dirigir embriagado e estuprar uma miss trans, então com 23 anos, em Goiânia. Apesar da existência de provas que apontam para a possibilidade de violência sexual, a Justiça entendeu que não havia elementos comprobatórios suficientes de um estupro.

A decisão foi divulgada com exclusividade pela Tv Anhanguera nesta segunda-feira (16). O advogado da jovem, Cristiano Lustosa, que atuou como assistente de acusação, informou que pretende recorrer da decisão.

Já o advogado do delegado, Valdemir Pereira, sustentou em nota à rádio CBN Goiânia, que não existiu um estupro e o caso seria uma falsa acusação de crime.

Provas insuficientes

Na sentença, são citados indícios de que o ato sexual pudesse ter sido solicitado, mas também elementos que sinalizam uma relação consensual. Diante da dúvida sobre o consentimento da vítima, o magistrado optou pela absolvição por insuficiência de provas, ressaltando que não se tratava de falta de materialidade, como argumentou a defesa.

“Há elementos para indicar que houve uma relação consentida; porém, ainda que um pouco menos fortes, também há elementos que se inclinam para a prática de violência sexual”, apontou o magistrado na decisão.

Quanto à acusação de embriaguez ao volante, o delegado admitiu ter ingerido duas doses de uísque, porém, segundo a decisão judicial, não havia provas suficientes de que essa quantidade fosse suficiente para configurar o crime.

Defesa e MP falaram em recurso

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) também manifestou a intenção de recorrer da sentença, buscando a reversão da absolvição em instâncias superiores.

O laudo pericial constatou que houve incidentes sexuais e lesões graves na vítima, que poderiam ser compatíveis tanto com uma relação consensual quanto com um estupro. A ausência de danos nas roupas da jovem e a falta de sinais de violência no carro, de acordo com a perícia, também pesaram como dúvidas.

O crime, segundo a denúncia, teria ocorrido em 5 de janeiro, após uma festa em Goiânia. O delegado, a miss trans e outra mulher seguiram juntas no carro de Kleyton após o evento. No caminho, a vítima afirmou que foi forçada a praticar sexo com o delegado. Em sua defesa, Kleyton sustentou que a relação foi consensual.

O caso, que teve grande repercussão, continua em aberto, com a possibilidade de recurso pelo Ministério Público e pela defesa da vítima. Procurada pelo Diário de Goiás, a Polícia Civil de Goiás ainda não se manifestou se já foi notificada para o retorno de Dias ao cargo.


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