Em entrevista a Rádio Bons Ventos FM, o delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano Carvalho, conclui que deveria ser proibida a retirada de água do Rio Araguaia para irrigação, para ele esse é o grande questionamento: como pode ter tanta captação de água no Rio Araguaia.
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“Utilizar o pivô não é crime, agora precisa estar licenciado, nós temos água suficiente para isso. A irrigação não é somente no Rio Araguaia, tem pivôs mais acima, mais de 30 pivôs somente naquela região. Todos esses procedimentos estão no poder judiciário, mas o que eu defendo é que não tenha capitação de água no leito do Rio Araguaia”, afirma.
Já o deputado estadual Lucas Calil (PSD), também presidente da Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), demonstra que a retirada de água do Araguaia em sua maioria é feito na clandestinidade.
“Eu não tenho dúvida alguma de que a irrigação tem interferido na saúde do nosso Rio Araguaia, afinal 87% da retirada da água do Araguaia é para irrigação e desses 87% quase que todo é feito na clandestinidade, ou seja, existe uma incompetência também do Estado em liberar licenças, essa morosidade e burocracia que induz o produtor a cometer o ato ilícito, mas é necessário o bom senso”, explica.
Porém, para o deputado não se pode cortar por imediato o uso da água pelos produtores. “Temos que fazer um cronograma para que essa retirada de água comece, mas com bom senso com iniciativas por parte do executivo estadual e do governo federal que possam liberar crédito para subsidiar esses produtores para que no período da cheia eles possam fazer seu próprio reservatório de água e na estiagem eles não usem a água do Rio Araguaia”, apresenta Calil.
“Eu sou a favor de que a gente possa de fato otimizar essa retirada de água e que a gente faça isso com um cronograma bem definido, bem detalhado compreendendo a importância do setor produtivo para o progresso e economia do Estado de Goiás. Mas, é óbvio sabendo que o Rio Araguaia não aguenta mais tanto dano”, completa o deputado.
O deputado aponta que nunca foi feito um estudo técnico de impacto ambiental, na vasão de cada bacia, dos seus afluentes e de todas as outras bacias. “Depois que isso for feito definir o critério, as datas, o que cada produtor pode retirar e o mais importante fiscalizar. Hoje, não tem nenhum posto fiscal funcionando no Estado de Goiás, os postos estão fechados, todos os postos ambientais de Goiás estão fechados”, diz.
De acordo com Calil, os fiscais que eram para estar fiscalizando o meio ambiente estão fazendo trabalhos administrativos na Capital. “Eu compreendo o antagonismo que o Estado tem nessa luta de preservação do meio ambiente e também na luta dos produtores. O produtor não pode esperar dois a três anos para ter uma licença para produzir, nós temos que otimizar o serviço, desburocratizar, fazer regras bem definidas daquilo que cada bacia hidrográfica aguenta e aí sim fazer justiça social”, conclui.
Proteção
Em relação ao uso de cercas para ajudar na proteção das nascentes, Luziano esclarece que ação deve partir do proprietário. “Eu vejo que é o proprietário que tem que fazer esse trabalho, o poder público precisa realmente incentivar, mas de qualquer forma precisamos recuperar o Rio Araguaia. Quando se tem um pouquinho de recurso e um pouco de boa vontade em pouco tempo a gente consegue muito”.
O delegado ressalta ainda que, o crime praticado pelo pequeno produtor ou empresário é igual ao do grande, “o tratamento tem que ser igualitário”, diz.
“Temos que trabalhar sempre com essa conscientização ambiental, há pouco tempo quem mais destruía o Araguaia na linguagem de todos era o turista e depois verificamos que não é. Compete a todos nós temos que recuperar, proteger o Rio Araguaia”, acrescenta.
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