O advogado de João de Deus, Alberto Toron, afirmou nesta quinta-feira (13) ter levado um pedido à Justiça para que o médium possa manter os atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, no interior de Goiás.
A medida, diz, valeria até que haja novo desfecho das investigações dos relatos de mulheres que acusam o médium de abuso sexual. O pedido foi feito ao juiz titular de Alexânia, Fernando Augusto Chacha, que deve ficar responsável pelo caso.
“Há um clamor para que ele continue a trabalhar, porque muita gente se beneficia desse trabalho”, afirma. “Essa é uma vocação dele, que já ajudou muita gente.”
Segundo Toron, o que motivou o pedido foi uma preocupação em saber se uma eventual continuidade dos atendimentos prestados pelo médium poderia ser interpretada como afronta à Justiça.
“Levei uma petição ao juiz explicando que, se ele quiser que todas as atividades sejam filmadas e acompanhadas por policiais, isso é bem-vindo. Queremos mostrar como tudo é feito normalmente.”
De acordo com Toron, apesar do pedido, o médium só deve retomar os atendimentos “após o juiz dizer como e em que condições ele pode trabalhar.”
“É importante que isso não seja visto como uma afronta e muito menos como uma continuidade de práticas delitivas que nunca existiram”, afirmou à reportagem.
O advogado afirmou ainda que não teve acesso até o fim da tarde desta quinta-feira ao pedido de prisão preventiva do médium feito pelo Ministério Público de Goiás.
O pedido foi feito na quarta-feira (12), horas depois o médium tentar retomar os atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola. Em visita ao espaço, que durou menos de dez minutos, o médium disse que estava “nas mãos da lei brasileira” e que era inocente.
No sábado (8), 13 mulheres relataram ao programa Conversa com Bial e jornal O Globo terem sido vítimas de abuso sexual durante atendimentos individuais feitos por João de Deus.
Desde então, o número de novos relatos tem crescido, situação que levou o Ministério Público de Goiás a criar uma força-tarefa junto a promotores de outros estados para receber denúncias e investigar os casos.
Questionado sobre o pedido de prisão, Toron afirma que o médium “está à disposição da Justiça” em Goiás e está abatido diante do caso. “Ele se sente muito injustiçado”.
Ele também critica a falta de acesso aos depoimentos das vítimas. (NATÁLIA CANCIAN, ABADIÂNIA, GO, FOLHAPRESS)
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