23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:57

Cunha nega que Funaro tenha pago para ele imóvel que era de Vampeta

Eduardo Cunha. (Foto: EBC)
Eduardo Cunha. (Foto: EBC)

Em depoimento à Justiça nesta segunda-feira (6), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou que o operador Lúcio Funaro tenha comprado para ele um apartamento que pertencia ao ex-jogador de futebol Vampeta, como disse o delator na semana passada.

Na versão de Cunha, Funaro deu a Vampeta um cheque somente para garantir o negócio, mas o valor não chegou a ser descontado. Cunha disse que, posteriormente, deu outro cheque para substituir o de Funaro, e que tem documentos para comprovar.

O apartamento, no bairro do Pacaembu (zona oeste), seria usado por uma filha de Cunha que iria fazer faculdade na região. Após o depoimento de Funaro, o ex-jogador Vampeta foi procurado pela Folha de S.Paulo e confirmou ter vendido o imóvel a Funaro.

“Esse apartamento foi comprado em janeiro de 2012, muito antes da operação da BRVias e da Eldorado”, disse Cunha, em referência a negócios que, segundo Funaro, teriam gerado pagamentos irregulares.

“O Lúcio não pagou o apartamento. O Lúcio me apresentou o corretor, chama-se Gilmar. O Lúcio pegou, fez um cheque de garantia para o Vampeta. O pagamento do apartamento foi feito com cheque administrativo da empresa da minha mulher”, disse Cunha.

Segundo o ex-deputado, Vampeta tinha dívidas e o imóvel não estava em seu nome, o que dificultava a transferência da propriedade. Como Funaro queria ajudar Cunha a fechar o negócio, de acordo com o ex-deputado, acabou emitindo um cheque como garantia.

Cunha presta depoimento na 10ª Vara Federal em Brasília, onde ele e Funaro são réus sob acusação de envolvimento em desvios do fundo de investimento do FGTS, administrado pela Caixa.

Carros

Cunha também disse que Funaro lhe pagou, sem que ele soubesse, prestações de dois carros que ele adquiriu. Funaro fazia os pagamentos, segundo Cunha, porque ambos atuavam juntos no mercado financeiro.

“Eu achei que estava devendo para a loja [concessionária], não que estava devendo para ele. Agora, não tem essa história de dez carros [como Funaro disse]…”, declarou Cunha.

“Os recursos que recebi [de Funaro] foram resultado de operações de mercado”, afirmou. Em sua delação premiada, diferentemente, Funaro disse que os recursos eram propina decorrente de operações na Caixa.

Cunha tem dedicado a maior parte de seu depoimento, que começou às 9h30, à tentativa de desconstruir a delação de Funaro e acusar o ex-parceiro de praticar crimes e mentir. “A delação que ele faz agora está me transformando no Posto Ipiranga. Tudo é o Cunha”, ironizou.

O ex-deputado disse que ouviu do próprio Funaro que a delação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa que incriminou Cunha, foi comprada por R$ 600 mil. A defesa de Cunha esclareceu que o valor teria sido pago para que Funaro tivesse acesso antecipado ao teor da delação.

Cunha declarou ainda que viu como um “escárnio” a declaração de Funaro, na semana passada, de que Joesley Batista, dono da JBS, é “ladrão” porque não pagava a propina combinada. (Folhapress)

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