22 de dezembro de 2024
Brasil

Cunha é alvo de petista em pedido de acareação com lobista Julio Camargo

Além o anúncio, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que vai defender que o PMDB saia do governo. (Foto: Estadão Conteúdo)
Além o anúncio, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que vai defender que o PMDB saia do governo. (Foto: Estadão Conteúdo)

Brasília – Menos de 24 horas após o rompimento político do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo, surgiram as primeiras manifestações práticas de aliados e adversários do peemedebista. Ex-líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS) anunciou que pedirá à CPI da Petrobras uma acareação entre Cunha e o lobista Julio Camargo, que o acusa de pedir US$ 5 milhões por contratos na estatal. De outro lado, o aliado da bancada evangélica Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) pediu a expulsão do atual vice-líder do governo, Sílvio Costa (PSC-PE), de seu partido por ter atacado Eduardo Cunha na sexta-feira.

Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente da Câmara reagiu atacando a presidente Dilma e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação). Os três aparecem nas delações do empreiteiro Ricardo Pessoa e do doleiro Alberto Youssef. “Da minha parte, nenhum problema em acarear com quem quer que seja”, disse. “Ele (Fontana) deveria aproveitar e, além de requerer essa acareação, deveria também requerer as acareações de Mercadante e Edinho com Ricardo Pessoa e até da Dilma com Youssef, que também falou na sua delação que ela sabia”.

Desafeto de Cunha, Henrique Fontana anunciou que, tão logo volte do recesso, apresentará requerimento à CPI da Petrobras convoque acareação entre o peemedebista e o lobista Julio Camargo, que em sua mais recente delação acusou o presidente da Câmara de pedir US$ 5 milhões de propina por contratos feitos com a estatal.

A proposta ocorre um dia depois de o governo tentar amenizar as declarações de Cunha e de desautorizar o pedido de afastamento de Cunha feito por seu vice-líder Sílvio Costa na Câmara. Fontana disse que o pedido de acareação não foi articulado com o governo nem com o PT. “É uma decisão minha”, afirmou.

Para o ex-líder do governo Dilma Rousseff, o requerimento é uma maneira de evitar que Cunha repita o que fez em março, quando foi à CPI apenas para receber elogios de aliados. “Ele deu sinais claros de que pretende usar a institucionalidade da presidência da Câmara para chantagear, atacar e fazer a defesa dele. Isso nós não vamos permitir na medida da força que tivermos”, disse Fontana.

Expulsão

Marco Feliciano pediu ao seu partido a expulsão de Sílvio Costa ainda na sexta-feira.”Solicito que estude uma medida disciplinar com expulsão do partido contra o deputado Sílvio Costa”, disse no documento. Para Feliciano, Costa se comporta de maneira”espetaculosa”. “Posição dessa natureza jamais pode ser manifestada individualmente por um parlamentar, contrariando a posição da direção do partido, incorrendo, a meu ver, em infidelidade partidária”, argumentou em seu pedido. Cunha negou ter influenciado a solicitação de Feliciano.

Em resposta, Silvio Costa respondeu com uma frase bíblica atribuída à Jesus em sua crucificação. “Já que ele é um homem evangélico, vou responder a ele com uma frase da Bíblia. Perdoa aqueles que não sabem o que fazem”, disse, sugerindo que Feliciano “está enganado”.

Integrantes da bancada evangélica, da qual Cunha sempre fez parte, deram sinais de apoio ao peemedebista, refutando a tese de isolamento do presidente da Câmara defendida pelos governistas. “Nesse momento me solidarizo com o deputado Eduardo Cunha, que, pelo seu passado de lutas, em décadas de serviços prestados à Nação galgando os mais altos postos da República sem nunca ter seu nome manchado ou envolvido em qualquer ato que o desabonasse”, afirmou Feliciano em nota.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) também se disse solidário. Segundo o parlamentar, que também é pastor e comanda a comissão especial que discute o conceito de família, Cunha mantém apoio de bancadas conservadoras como a evangélica. “O governo não tem interlocução nenhuma. É ruim de política. A tendência é piorar cada vez mais. Este vai ser um agosto infernal”, afirmou.

(Estadão Conteúdo)


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