São Paulo – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse neste sábado, 18, que não conversou com Michel Temer sobre futura citação do vice-presidente por delatores. Cunha fez a afirmação a partir de sua conta no Twitter. “Não tratei com ele em nenhum momento de futura citação dele por delatores. Isso não faz parte dos nossos diálogos”, escreveu.
Segundo fontes, em conversa na quinta-feira passada, Cunha teria alertado Temer que o nome do vice-presidente também poderia aparecer nas delações premiadas. “Quero desmentir as notas que estão em colunas de revistas sobre suposta conversa minha com Michel Temer”, afirmou, hoje, Cunha.
Ao voltar a se pronunciar publicamente sobre o rompimento com o governo, Cunha reafirmou que a decisão foi “pessoal”. “Não busquei e nem vou buscar apoio para isso, a não ser o debate na instância partidária competente. (…) Falei que ia defender (o rompimento) no Congresso do PMDB”, escreveu.
O peemedebista afirmou também que não buscou e não vai buscar apoio fora do PMDB. Argumentou que cada partido tem e terá a sua postura dentro da sua lógica. “O meu gesto não significará que estou buscando ganhar número para enfrentar e derrotar governo.”
O presidente da Câmara negou que exista uma pauta revanchista e contra o governo petista, apesar das decisões de ontem a respeito da discussão do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. “Não existe pauta de vingança e nem pauta provocada pela minha opção pessoal de mudança de alinhamento político”, escreveu Cunha, ao reafirmar que vai continuar trabalhando com independência e harmonia entre os poderes.
“Não tenho histórico de ajudar a implementar o caos na economia por pautas que coloquem em risco as contas públicas”, disse. O Congresso Nacional entrou hoje em recesso sem concluir a apreciação de projetos como o das desonerações sobre a folha de pagamento e a chamada reforma do ICMS. Ambas propostas são vitais para a tentativa de se aproximar da meta de superávit primário, coordenada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Cunha afirmou que seus advogados vão ingressar com uma reclamação no STF contra o fato de ele ser citado em um processo que transcorre na Justiça do Paraná. “Quanto ao juiz do Paraná, ele não poderia dar curso à participação minha, como detentor de foro (privilegiado)”, escreveu. “Por várias vezes em oitivas, ele (o juiz Sérgio Moro) interrompia as testemunhas e dizia que não podia tratar de quem tinha foro de STF. Ao que parece ele mudou. E quanto a isso meus advogados ingressarão com reclamação no STF.”
(Estadão Conteúdo)
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