BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Banco Central sinalizou ao mercado que pode reduzir o ritmo de corte de juros na próxima reunião em meio ao cenário de incertezas provocado pela crise política.
Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça (6), o BC se concentrou nas turbulências e na necessidade de aprovação das reformas trabalhista e da Previdência.
O comitê relata que avaliou se sinalizaria ou não ao mercado que a Selic pode ter um ritmo de redução moderado na próxima reunião.
Por um lado, a avaliação foi que o impacto da crise sobre a inflação é incerto. “Por outro lado, salientou-se a necessidade, nesse momento, de oferecer direcionamento e elementos para reduzir a incerteza (e o escopo de possibilidades) sobre a trajetória futura da política monetária”, relata o documento.
Segundo a ata, o ritmo de cortes “continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.
Confira a evolução da taxa Selic – Em % ao ano
No comunicado divulgado na quarta (31), quando a Selic foi reduzida em um ponto percentual, o BC já havia focado neste cenário, citando a palavra “incerteza” cinco vezes (o termo foi usado duas vezes na decisão de abril).
Os juros foram reduzidos, por unanimidade, para 10,25% ao ano, o que era esperado pelo mercado após a delação da JBS atingir o presidente Michel Temer.
Antes da delação, o próprio BC considerava o cenário de inflação esperada abaixo da meta e de atividade econômica fraca e apontava para uma redução maior que um ponto na reunião de maio.
Como a delação do dono da JBS atingiu o presidente Temer, ameaçando a aprovação de reformas, a expectativa do mercado mudou de um corte de 1,25 ponto percentual para a manutenção do ritmo anterior.
Foi o sexto corte consecutivo na taxa básica -o atual ciclo de redução começou em outubro do ano passado.
JUROS ESTRUTURAIS
A ata diz que a crise política dificulta a queda mais rápida das estimativas para a taxa de juros “estrutural”, que depende de fatores como perspectivas para política fiscal, produtividade, melhor ambiente de negócios e redução do crédito subsidiado.
Lembrou também que a crise política pode ter efeitos opostos sobre a inflação. A manutenção por tempo prolongado de um cenário de incertezas teria efeito de redução da variação de preços sobre a economia. “Por outro lado, o impacto da incerteza sobre a formação de preços e sobre as estimativas da taxa de juros estrutural pode ter direção oposta”, afirma no documento.
As reformas, enfatizou o comunicado, são fundamentais para manter a inflação sob controle.
“Todos os membros do Comitê reenfatizaram que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira, incluindo aqueles referentes a políticas creditícias e de natureza parafiscal, são fundamentais para a sustentabilidade da desinflação, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia, com amplos benefícios para a sociedade.”
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