23 de agosto de 2024
Cidades

Criação do Geacri é tardia, mas é vitória para Goiás, avalia líder do movimento negro

Iêda Leal ao lado do governador Ronaldo Caiado durante evento de lançamento do Geacri. (Foto: Wesley Costa)
Iêda Leal ao lado do governador Ronaldo Caiado durante evento de lançamento do Geacri. (Foto: Wesley Costa)

A inauguração do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri) nesta segunda-feira (16) é tardia, mas representa uma vitória para a sociedade goiana. É essa a avaliação da coordenadora do Movimento Negro Unificado, Iêda Leal.

“Achamos que foi tardio, mas pelo menos foi criado. Contabilizamos como uma grande vitória do estado de Goiás”, disse ao Diário de Goiás. Ela cita que, diante do histórico de crimes contra minorias, incluindo negros, comunidade LGBTQIA+ e mulheres, a criação da nova especializada pode preencher uma lacuna. “Existem crimes e eles precisam ser interrompidos. Aqueles que teimam em fazer os crimes, precisam pagar pelo mal que fazem para a nossa sociedade”, pontua.

Leal afirma que em Goiás está demonstrada uma “animosidade” contra as minorias, inclusive com a destruição de casas pertencentes a religiões de matrizes africanas. Com o Geacri, a coordenadora espera punição aos responsáveis por crimes assim. “Goiás sem racismo não pode ser letra morta. Existem vítimas de racismo e intolerância religiosa nesse estado. É preciso ter a delegacia, o delegado e toda a estrutura para o recebimento das denúncias. A delegacia precisa desvendar, criminalizar, colocar na avaliação dos juízes e trabalhar na formação adequada para atendimento à população”, frisa.

Para a coordenadora, o Geacri é um serviço importante que será prestado à população, mas é ainda incipiente. Ela destaca que é preciso que o grupo se expanda para todo o estado e que os municípios se envolvam no combate a crimes contra as minorias. Além disso, é preciso capacitar os profissionais para que eles saibam atuar nessa esfera.

“Precisamos ter, para além da delegacia, a formação adequada para atendimento a crimes raciais. Racismo é crime no país desde 1988. A vítima de racismo precisa chegar à delegacia e ser ouvida, e a delegacia deve fazer o encaminhamento correto”, destacou Leal.

O Geacri está sediado no prédio anexo à sede da Escola Superior da Polícia Civil, no Jardim Bela Vista, região Leste de Goiânia. A unidade reúne, no mesmo local, investigações relacionadas a discriminação contra as populações vulneráveis.

O novo grupo especializado deve atuar no âmbito criminal, na conscientização da população e no resgate da cidadania das vítimas de racismo, discriminação e intolerância, seja ela por cor, etnia, religião, condição, orientação sexual ou identidade de gênero.

Segundo a Polícia Civil, para atender as vítimas de violência, os policiais foram treinados na Escola Superior da Polícia Civil (ESPC) para a demanda específica desses casos. O Geacri será também, conforme o governo estadual, uma espécie de escola modelo. Os novos delegados terão que passar por lá e os demais farão uma reciclagem.


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