O crescimento econômico alavancado somente pelo crédito não é sustentável no longo prazo e deve ser acompanhado do investimento privado para render benefícios duradouros, afirma Otaviano Canuto, diretor-executivo do Banco Mundial.
A entrevista faz parte da série “Estratégias para o crescimento: a mudança do papel do Estado na economia”, produzida pelo Um Brasil em parceria com Columbia Global Centers – Rio de Janeiro, Center on Global Economic Governance da Universidade Columbia e FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
Na entrevista, Canuto afirmou que a dupla crédito e subsídios ao setor privado foi bem-sucedida em anos passados porque o Brasil passava por uma mudança econômica que favorecia o uso dessa política expansiva.
“Crédito e subsídios ao setor privado foram utilizados a exaustão. Uma dificuldade intrínseca em fazer política de crescimento com base no crédito é que funciona só uma vez”, disse. “Funciona enquanto o patamar de endividamento está mudando. Mas uma vez que a economia alcança outro patamar de crédito sustentável, aquilo cessa de ser uma fonte de estímulo adicional”.
Segundo ele, isso ocorre porque o crescimento baseado no crédito antecipa o consumo no futuro. Ou seja, o aumento do consumo “salvava” a economia imediata porque antecipava consumo do futuro via crédito. “Mas ao final do processo agora o país está tendo que digerir um grau de endividamento das famílias cujos benefícios econômicos já ficaram para trás há bastante tempo”, ressaltou.
Canuto disse ainda que o cenário de queda de juros viabiliza investimentos privados, o que levará à recuperação da economia brasileira.
Folhapress
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