22 de novembro de 2024
Política

CPMI do Cachoeira convoca 51 pessoas e quebra sigilos da Delta Centro-Oeste

Entre outros, a comissão convocou o ex-chefe de gabinete do governador do DF; o ex-diretor da Delta Construções; o atual procurador-geral de Justiça de Goiás e o ex-procurador-geral do estado de Goiás; e pessoas diretamente envolvidas com o contraventor.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira aprovou, nesta quinta-feira (17), a convocação de 51 pessoas citadas nas operações da Polícia Federal (Vegas e Monte Carlo) por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Também foram quebrados os sigilos bancários e telefônicos de 10 pessoas citadas e o sigilo fiscal das contas de 16 empresas, entre elas cinco filiais da empresa Delta Construções S.A. nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e no Distrito Federal.

Houve muita discussão entre os parlamentares, porque a oposição queria a convocação imediata dos governadores citados pelas investigações e a quebra de sigilo da matriz da Delta, no Rio de Janeiro. Alguns parlamentares, como o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), acusaram os aliados do governo de tentar blindar os governadores Agnelo Queiroz (DF), Marconi Perillo (GO) e Sérgio Cabral (RJ), além do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish.

 

Baseado em provas

No entanto, para o relator da CPMI, Odair Cunha (PT-MG), os requerimentos aprovados seguiram o plano de trabalho aprovado pela comissão e não são fruto de nenhum acordo para defender autoridades. “Eu me baseio em provas”, disse o relator.

Segundo ele, “até o momento, não há indícios suficientes para a CPMI convocar Cavendish e os governadores, até para que eles [os governadores] não usem a CPMI como palanque político para sua defesa”. E acrescentou: “Quem ampliar demais não quer investigar nada.”

 

Futuras convocações

Novos requerimentos só devem ser votados no próximo dia 5 de junho, mas isso não é motivo de preocupação para o relator. Segundo ele, nessa data as informações sobre supostos envolvimentos de autoridades e agentes privados com o contraventor estarão mais evidentes e, com isso, será possível embasar novas convocações.

Os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Kátia Abreu (PSD-TO) questionaram essa decisão e citaram páginas dos inquéritos da Polícia Federal em posse da CPMI em que diálogos mostram reuniões de Cachoeira com Cavendish e do senador Demóstenes Torres (Sem Partido-GO) com diretores da Delta em São Paulo.

 

Convocações

Entre os convocados hoje estão Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e o sobrinho de Cachoeira, Leonardo Almeida Ramos. Segundo a CPMI, há indícios de que Leonardo tenha comprado, em nome do contraventor, uma casa do governador de Goiás, Marconi Perillo.

Completam essas convocações políticas Wladimir Garcez, ex-vereador de Goiânia pelo PSDB; o atual procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão do senador Demóstenes; e Ronald Bicca, ex-procurador-geral do estado de Goiás. Com esses depoimentos, os parlamentares esperam desvendar se há envolvimento de outras autoridades e qual o grau de envolvimento dos governadores no esquema.

A quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico atingiu o ex-diretor da Delta Construções S.A. Cláudio Abreu, investigado por ser o principal operador de Cachoeira, e outras pessoas envolvidas diretamente com o contraventor: Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, Gleyb Ferreira e Geovani Pereira da Silva, além da ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio de Souza. (Agência Câmara de Notícias)


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