{nomultithumb}
Em sessão esvaziada, a CPI da JBS aprovou nesta quinta-feira (21) um convite para ouvir o ex-procurador-geral Rodrigo Janot e seu braço-direito, o procurador Eduardo Pelella.
Os requerimentos foram aprovados sob a justificativa de que os depoimentos servirão para esclarecer o acordo firmado pelo Ministério Público com executivos da JBS.
Por se tratar de convite, nesses casos, o comparecimento de Janot e Pelella à comissão é opcional. Ainda não há data marcada para que eles sejam ouvidos.
Deputados e senadores aprovaram ainda a convocação de outros dois auxiliares de Janot. O ex-procurador Marcello Miller e o procurador Ângelo Goulart Villela. No caso deles o comparecimento é obrigatório.
O advogado Willer Tomaz, que foi preso na Operação Patmos, também deverá prestar esclarecimentos à CPI. Ele é acusado de pagar propina a Villela para repassar informação privilegiada a Joesley Batista sobre as investigações que envolviam a JBS.
Os depoimentos de Villela e Tomaz já estão previstos para a próxima semana.
Na lista de convocações estão ainda executivos da JBS, incluindo os seus donos, Joesley e Wesley Batista. Serão ouvidos os delatores Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva, e os executivos Valdir Aparecido Boni, Florisvaldo Caetano de Oliveira, Fábio Chilo e Demilton Antônio de Castro.
Instalada no começo deste mês, a CPI tem como um de seus objetivos apurar possíveis irregularidades ligadas ao acordo de colaboração do grupo JBS.
Desde que foi criada, a comissão é vista pela oposição como uma tentativa do governo de constranger o Ministério Público e os acusadores do presidente Michel Temer, alvo de duas denúncias com base na delação da JBS.
O relator da CPI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), defendeu que as oitivas sejam iniciadas pelos procuradores. Ele não vê impedimento para que a comissão siga as investigações enquanto a Câmara analisa um segundo pedido de denúncia contra Temer.
“Não podemos paralisar a CPI e aguardar a denúncia. Vai ter que tramitar independentemente da denúncia”, disse o deputado que é um dos principais porta-vozes da tropa de choque do presidente.
A acusação de obstrução de Justiça e organização criminosa de Temer deve ser analisada pelos deputados até outubro, de acordo com a previsão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O envio da denúncia à Câmara depende da conclusão de um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre pedido de Temer para suspender a acusação. A análise deve ser concluída nesta quinta-feira (21), mas a Corte já tem maioria formada pela continuidade da tramitação.
CONTRATOS
Outra frente de atuação da CPI é a apuração de possíveis irregularidades em contratos do grupo JBS com bancos públicos. Por esse motivo, os parlamentares convocaram o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho a prestar esclarecimentos.
Também estão sob investigação empréstimos tomados pelo frigorífico com a Caixa Econômica Federal. Foram convidados a dar depoimento dois ex-presidentes do banco: Jorge Hereda e Maria Fernanda Ramos Coelho.
A lista de oitivas aprovadas como convite inclui ainda o ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) Leonardo Gomes e o advogado da associação de minoritários da JBS Márcio Lobo.
Ao final da sessão, o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), anunciou os primeiros depoimentos. Na próxima terça-feira (26), será convocado o procurador Ângelo Villela, e o advogado Marcio Lobo falará na condição de convidado.
Para a quarta-feira (27), estão previstas as oitivas de Willer Tomaz e do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho. (Folhapress)
Leia mais:
- Governo quer usar CPI da JBS para mudar lei das delações
- CPI do BNDES desiste de Lula, mas convoca Mantega e Coutinho
Leia mais sobre: Brasil