22 de dezembro de 2024
Política

CPI da base silencia oposição

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pelo líder do governo, deputado Helder Valin (PSDB), para investigar o relacionamento de autoridades goianas com o contraventor Carlinhos Cachoeira, e os contratos entre prefeituras municipais e a empresa Delta Construtora, foi aprovada nesta semana sem dificuldades na Assembleia Legislativa. A vitória numérica da situação já era esperada, o estranhamento ficou por conta da oposição, que praticamente se calou e evitou críticas em plenário.

Após toda polêmica envolvendo membros da administração estadual com o crime organizado em Goiás, deputados oposicionistas surpreenderam pelo silêncio. Somente os petistas Luis Cesar Bueno e Mauro Rubem teceram críticas à imprensa. A tribuna, porém, não foi utilizada para questionamentos. A conformidade aumentou a tensão e levou um ar de dúvida sobre a lisura dos parlamentares de partidos opostos.

A instalação da nova Comissão inviabiliza a proposta pelo deputado Luis Cesar Bueno, denominada por ele como CPI da Máfia. O petista, juntamente com os parlamentares de sua bancada (Mauro Rubem, Humberto Aidar e Karlos Cabral) apresentou no último mês um requerimento solicitando da presidência uma Comissão para investigar o envolvimento de autoridades constituídas do Governo do Estado de Goiás, com o crime organizado em continuados atos ilícitos destacados na mídia nacional, caracterizando em muitos casos formação de quadrilha.

24 dias após a solicitação, o projeto do deputado petista conseguiu apenas 12, das 14 assinaturas necessárias para instalação. Diante da ameaça de alguns membros da base que manifestaram apoio à CPI de Luis Cesar, os governistas agilizaram e tomaram o  processo para si.

Na terça-feira (17) o líder do governo tomou frente e apresentou sua solicitação afirmando ter elaborado uma proposta que converge interesses da oposição e situação. “Essa é uma comissão da Casa, que será integrada por deputados de todos os partidos, sendo respeitada a proporcionalidade. O bom andamento dos trabalhos vai depender da contribuição de todos. A proposta é realizar um trabalho sério, investigar todas as possíveis irregularidades e não deixar a sociedade goiana sem respostas”, afirmou.

Valin deixou claro que não será membro da comissão e explicou como será seu funcionamento. “Acredito que os trabalhos vão começar, de fato, nos próximos 20 ou 30 dias. A comissão terá 90 dias para apresentar seu relatório, podendo prorrogar este prazo por mais 30 dias”, acrescentou.

Segundo o presidente Jardel Sebba (PSDB), a instalação da CPI deverá acontecer na próxima semana. “Embora o requerimento tenha sido encaminhado à Mesa Diretora na terça-feira, pelo menos outros oito parlamentares, além dos que apresentaram a proposta, já assinaram o documento. Após a coleta de todas as assinaturas, será realizada a conferência das mesmas”, disse.

Depois do anúncio oficial, caberá aos partidos indicar os membros que irão compor a comissão, sendo  cinco titulares e o mesmo número de suplentes. Obedecendo ao princípio da proporcionalidade, irão compor a comissão três parlamentares da base e outros dois da oposição.

 “A Casa é política, mas acredito que um bom trabalho poderá ser realizado. Creio, inclusive, que a CPI poderá contribuir para as investigações que estão sendo realizadas pelo Ministério Público e Polícia Federal, avançando em vários pontos”, acrescentou Jardel.

Conforme previsto pelo regimento interno da Assembleia, podem funcionar na Casa até três CPIs simultaneamente, desde que não abordem o mesmo tema.


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