23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 12/12/2020 às 17:45

Covid-19: “Responsabilidade dele [Bolsonaro]”, diz Mandetta sobre 180 mil mortos

Ex-ministro da Saúde atribuiu à Bolsonaro as 180 mil mortes atingidas nesta última sexta-feira (12/12)
Ex-ministro da Saúde atribuiu à Bolsonaro as 180 mil mortes atingidas nesta última sexta-feira (12/12)

No dia em que o Brasil ultrapassou os 180 mil mortos pela covid-19, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta destacou que explicou que este cenário poderia ter sido evitado e antecipou a projeção ao presidente Jair Bolsonaro que preferiu não ouvi-lo, demitindo-o na sequência. Ele acredita que se Bolsonaro tivesse o escutado, o cenário poderia ter sido evitado e atribuiu ao ex-chefe a responsabilidade por tantos mortos. Mandetta concedeu entrevista à Globonews nesta última sexta-feira (11/12).

“Lastimável, eu fico muito triste do pior cenário, eu mostrei pro Brasil, mostrei por estado, por cidade, por semana epidemiológica, que nós chegaríamos no final do ano se deixássemos desse jeito, esse seria o desfecho e eu fico muito triste de saber que no dia de hoje o desfecho que eu mostrei para ele e entreguei por escrito tenha se concretizado. É responsabilidade dele”, pontuou jogando a responsabilidade para cima de Jair Bolsonaro concernente à quantidade expressiva de mortos pelo novo coronavírus.

Questionado se era possível ter evitado essa estatística, Mandetta foi positivo e criticou o ‘negacionismo’ do presidente. “Claro que era possível. Eu nunca fiz enquanto ministro eu nunca falei em publico em cenários que a gente trabalhava. 180 mil era o cenário que eu dizia ao presidente que se ele continuasse com aquele negacionismo e se a população não tivesse liderança era o nosso pior cenário.”

Mandetta chegou a pontuar que as campanhas para que as pessoas pudessem “ficar em casa” era algo temporário, enquanto o Ministério da Saúde reunia um “arsenal” para enfrentar o virus, mas nem isso adiantou. Os testes adquiridos pela pasta não foram redistribuídas e estocadas sem que fossem aplicados.

“Nós tínhamos que lidar com isso unidos, o nosso inimigo, o adversário era o virus, o coronavírus e que se nós fizessemos o dever de casa, nós comprávamos naquela época máscaras, capotes, respiradores, ventiladores. Estávamos pedindo para parar para termos o arsenal mínimo, mas se no decorrer de semestre fizemos o dever, tentássemos, inclusive disparamos as compras de testes e eles deixaram os testes no almoxarifado.”

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Mandetta disse que chegou a documentar o alerta e antes de sair, repassou à todos os então colegas ministeriais e ao próprio presidente da República. Mas Bolsonaro não gostou e acabou o demitindo, preferindo ouvir àqueles que pregavam a ‘falácia da cloroquina’ que minimizavam a pandemia. “Eu fiz questão de colocar no papel, documentar, comunicar a todos os ministros, a Casa Civil e entregar em mãos ao presidente que aquele caminho, negacionismo, aquela coisa de ‘vamo fazer tratamento com cloroquina’ e estavam vendendo para ele como uma verdade científica, aquilo era uma falácia e iria custar muito caro para a vida dos brasileiros e se tem alguma coisa que justifica nós sermos uma nação é preservar a vida, é o bem maior de uma Nação. Mas infelizmente, ele preferiu dar ouvidos àqueles que faziam os prognósticos que ele queria escutar.”


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