Em 1993, o grupo Odebrecht começou a dialogar com líderes sindicais para criar uma empresa petroquímica -em 2002, nasceria a Braskem, seu braço no setor.
Foi naquele ano que Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais e na empreiteira desde os anos 1970, conheceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tradicional liderança sindical do ABC paulista.
“Trabalhávamos para mostrar ao PT que o projeto [petroquímico] era extremamente competitivo para o Brasil”, afirmou Alencar em seu acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.
De onde veio a disposição de apostar em uma aproximação com a esquerda, que só chegaria ao poder uma década depois? De Emilio Odebrecht, presidente do grupo, aconselhado pelo tucano Mário Covas, ex-governador de São Paulo.
Segundo Alencar, Covas falou com Odebrecht sobre Lula: “Tem uma liderança no Brasil que é bom vocês entrarem em contato”.
O depoimento do executivo integra o inquérito que apura o pagamento de doações oficiais e em caixa dois à campanha de Yeda Crusius (PSDB), ex-governadora do Rio Grande do Sul e codinome Balzac nas planilhas de repasses da empreiteira. É uma das delações dos colaboradores da Odebrecht que foram divulgadas na quarta (12).
Sua campanha, segundo as acusações, recebeu R$ 1,75 milhão entre doações oficiais e repasses nas campanhas de 2006 e 2010.
A contrapartida, segundo Alencar, era facilidades em crédito tributário no Estado. A Braskem, segundo o delator, é a segunda maior empresa do Rio Grande de Sul em recolhimento de ICMS. (Folhapress)
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