29 de agosto de 2024
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Corte torna líder de atos contra Putin inelegível

Vladimir Putin. (Foto: EBC)
Vladimir Putin. (Foto: EBC)

A Comissão Central Eleitoral da Rússia barrou nesta sexta (24) a possibilidade de candidatura de Alexei Navalni, o blogueiro e líder opositor que comandou os mais recentes protestos contra o governo de Vladimir Putin. Ele postulava ser candidato a presidente em 2018.

A alegação para a proibição foi o fato de que Navalni ter sido condenado em 2013 a cinco anos de prisão, sob acusação de desvio de recursos numa província russa.

Ele diz que a condenação é uma armação, no que foi apoiado pela Corte Europeia de Direitos Humanos.

A lei russa estabelece que uma pessoa sentenciada criminalmente só pode concorrer a cargos eletivos dez anos após a condenação.

O caso tem elementos obscuros. Navalni teria desviado madeira quando era um consultor não remunerado da região administrativa de Kirov, gerando prejuízo de US$ 500 mil. Só que a Justiça nunca conseguiu estipular onde estaria o dinheiro ou para onde teria ido o produto do suposto crime. Navalni diz que a condenação só busca tirá-lo da corrida presidencial.

Navalni, aliás, está cumprindo 30 dias de prisão por organizar atos não sancionados pelo governo contra Putin, há duas semanas.

Advogado de 41 anos, Navalni emergiu nos últimos anos como a principal voz da oposição russa, a partir de denúncias contra corrupção na Rússia feitas em seu blog.

Sem vínculos partidários tradicionais, ele fundou uma agremiação nanica e disputou a Prefeitura de Moscou em 2013, ficando em segundo lugar com 27% numa campanha baseada em ativismo por redes sociais.

Ele também coordena a Fundação Russa Anticorrupção, que produz trabalhos investigativos contra figuras do establishment putinista.

Navalni faz mais barulho que seus antecessores na tarefa de desafiar o Kremlin. O político liberal Boris Nemtsov acabou assassinado e o enxadrista Garry Kasparov mudou para os EUA. Mikhail Khodorkovski foi preso sob acusação de desvios e lavagem de dinheiro em 2003 e só saiu da cadeia em 2013, perdoado por Putin.

Ainda assim, ele aparece com marginais 1% de intenção de voto nas pesquisas mais recentes, e com uma rejeição alta. O fato de ele ser ignorado solenemente pela TV estatal russa, exceto quando para sofrer críticas, pode ter a ver com isso.

Se Navalni não estiver no páreo, há dúvidas sobre quem desafiará Putin, que poderá concorrer à reeleição. O Partido Comunista deve ter Gennadi Ziuganov como candidato, como ocorre há anos, para ficar em segundo lugar. Outros nomes não despontam com força, e hoje apenas quatro agremiações, das 70 existentes no país, cumprem requisitos para lançar candidatos ao Kremlin. (Folhparess)


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