Com uma movimentação de US$ 2,4 bilhões em cargas em 2012, o Porto Seco Centro-Oeste, em Anápolis (GO), projeta dobrar o montante depois que as obras da Ferrovia Norte-Sul, iniciadas há nada menos do que 26 anos, em 1987, forem concluídas. A previsão é de que o trecho que corta a região esteja pronto até março de 2014. A ferrovia é uma das prioridades elencadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para tornar a região mais competitiva.
A conclusão da Norte—Sul tornará Anápolis, que já conta com a Ferrovia Centro—Atlântica, um centro de conexão de vários modais de transporte. O aeroporto regional também está em obras, as rodovias que cortam a região são duplicadas e já existe um anel viário. “As obras da Norte—Sul estão adiantadas. Quando concluídas, Anápolis terá uma plataforma multimodal”, garantiu o diretor superintendente do Porto Seco Centro-Oeste, Edson Tavares.
O interesse de indústrias em se instalarem na região também deve dobrar. “Com a infraestrutura adequada, teremos um centro de empresas de operações logísticas e de serviços. Já existem tratativas com companhias que pretendem investir R$ 5 bilhões na região”, revelou.
O Porto Seco ficará exatamente entre as duas ferrovias e a uma distância pequena do aeroporto local. “As deficiências de infraestrutura ainda são enormes, mas estamos caminhando para uma melhora significativa, principalmente se esses projetos emergenciais forem priorizados. Não faz sentido levar as cargas para os portos do Sul, quando podemos desafogá-los, utilizando os do Norte, pela ferrovia”, afirmou.
Enquanto a Centro—Atlântica, que atende o Porto atualmente, permite trens com capacidade para 25 a 30 vagões, as locomotivas da Norte—Sul poderão formar até 300 composições. “A velocidade média, hoje em 25 quilômetros por hora, será maior em função das bitolas da nova ferrovia. A expectativa é que os trens alcancem até 70 quilômetros por hora na Norte—Sul”, estimou Tavares.
O governo federal deve injetar R$ 85 milhões na construção da estação da Norte—Sul em Anápolis e o Porto Seco, mais R$ 10 milhões para ter um terminal próprio. “Essa ferrovia nascerá com viabilidade econômica, com volume garantido de 12 milhões de toneladas por ano, de um total de 50 milhões de toneladas de carne, minério e grãos transportados pela região”, disse Tavares.
Carga doméstica
Com uma ferrovia cortando o Centro-Oeste, não só as cargas exportadas por portos serão beneficiadas. A região é um corredor de movimentação de cargas domésticas, transportadas de um estado para outro. Muita coisa da Zona Franca de Manaus que é distribuída no Sudeste passa pelo espaço aéreo de Goiás. “Com a ferrovia, em vez de os eletroeletrônicos irem até São Paulo para depois voltarem pelas rodovias até Goiás, eles poderão descer pela ferrovia e ficar no meio do caminho, com redução nos custos de frete”, ponderou. (SK)
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