23 de dezembro de 2024
Destaque 2 • atualizado em 22/03/2021 às 15:14

Coronafobia: a nova desordem mental, nascida da pandemia da Covid-19

Foto: Divulgação
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Com surgimento na China, a Covid-19, causada pelo Coronavírus, afeta atualmente não somente contaminados, mas também pessoas que desenvolveram ansiedade e depressão, ao longo da pandemia, por conta deste problema que aterroriza cada dia mais a população em todo o mundo.

Além da dor da perda, para aqueles que viram parentes e amigos partir em decorrência da Covid-19, está presente no mundo outra batalha que precisa ser driblada: a Coronofobia, termo que se tornou nomenclatura oficial dos estados mentais relacionados às fobias.

Conforme estudo publicado em dezembro do ano de 2020, pela US National Library of Medicine, em 500 casos de ansiedade e depressão, foi constatado que todos estavam ligados à pandemia do Coronavírus, que provoca um aumento de sentimentos como medo e ansiedade. 

De acordo com artigo escrito pela Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari, os sentimentos de medo e insegurança são alguns dos sintomas mais presentes por conta da imprevisibilidade do comportamento do vírus em cada pessoa atingida.

“Mas não apenas isso. Estamos falando ainda da imprevisibilidade das questões socioeconômicas, da carreira e dos negócios. E todas as incertezas levaram a um aumento considerável dos transtornos psiquiátricos e emocionais desde que a pandemia começou e se tornou um evento traumático de proporções maiores do que os surtos de doenças anteriores dos últimos tempos”, ressaltou.

As fobias específicas geralmente são causadas por eventos traumáticos. Sendo assim, a Coronafobia, termo criado no fim do ano de 2020, se trata de uma ansiedade grave causada pela condição pandêmica e é classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental.

“Se um simples espirro ou tosse, por exemplo, suscitam uma preocupação irracional de ser COVID-19, isto pode estar relacionado à Coronafobia. Ou seja, é importante ficar atento para analisar se a ansiedade é desproporcional ao risco real prejudicando a qualidade de vida”, afirma Ferrari.

Os sintomas físicos são parecidos aos de uma fobia comum, com palpitações, tremores, dificuldades para respirar e alterações de sono.  Já no âmbito emocional, tristeza, culpa, medo de perder o emprego ou medo de contaminar e levar ao óbito seus familiares, são comportamentos predominantes. Relacionado a ambos, estão os sintomas comportamentais de medo excessivo de entrar em contato pessoas, tocar em superfícies, além de evitar locais públicos e sempre achar que está doente.

“A preocupação com a saúde e a tomada de cuidados recomendadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) são altamente benéficos, mas, se houver uma preocupação irracional, levando a ‘comportamentos de controle’, como aferir a frequência cardíaca ou a temperatura muitas vezes ao dia, ou ir ao médico com frequência apenas para garantir que não está doente, pode ser sinal de que a ansiedade está fora de controle e é preciso procurar um profissional de saúde para diagnóstico e tratamento”, afirma, em artigo, a especialista.

Outra pesquisa, realizada pelo Ministério da Saúde, com 17.491 brasileiros em idade média de 38,3 anos e variação entre 18 e 92 anos, no período em que as mortes pela Covid-19 aumentaram, nos meses de abril e maio de 2020, revelou que 8 entre 10 brasileiros sofriam algum transtorno de ansiedade.

De acordo com Dra. Rita, estudos de diversas universidades brasileiras mostraram, ainda, que o impacto negativo da pandemia na saúde mental da população brasileira evidenciou que os grupos mais afetados pela Coronafobia foram jovens e mulheres, além de pessoas com diagnóstico prévio de algum distúrbio mental e dos grupos de alto risco para coronavírus.

“Um dado que pode assustar é o fato de os jovens estarem presentes nos grupos mais afetados. Mas existe uma explicação possível: talvez, por terem de enfrentar a pausa nos estudos presenciais, o distanciamento físico de amigos, a falta de opções de lazer e entretenimento, e o medo de se tornar um transmissor da doença e assim, contaminar familiares pertencentes ao grupo de risco. Além disso, foi relatado também, nesse grupo, o início de problemas de sono durante a pandemia ou o agravamento desses quando preexistentes”, ponderou.

“A pandemia por si só já nos assola com preocupações e sofrimentos reais. Mas, quando se está fora do controle, há como reverter esse cenário, portanto, para a Coronafobia, também chamada de “pandemia do medo” há tratamento, tanto cognitivo-comportamental, como por meio de medicamentos. Para quem busca qualidade de vida e prefere ter suporte da medicina alternativa, o uso de fitoterápicos, como a Passiflora incarnata associada a Crataegus rhipidophylla e Salix alba L, também pode ser um caminho. No entanto, qualquer um dos tratamentos acima deve ser prescrito por profissionais, que irão avaliar qual o tratamento de acordo com os sintomas e outros aspectos clínicos”, completou.


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