29 de novembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 01:37

Coreia do Norte afirma ter testado míssil intercontinental com sucesso

Ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ao lado de míssil balístico
Ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ao lado de míssil balístico

A Coreia do Norte afirmou ter testado com sucesso pela primeira vez um míssil balístico intercontinental na noite de segunda-feira (3), manhã de terça-feira no país, o qual seria “capaz de atingir qualquer ponto da Terra”.

Segundo o regime do ditador Kim Jong-un, o míssil, do modelo Hwasong-14, subiu a uma altitude de 2.802 quilômetros antes de cair no mar do Japão em um ponto localizado a 933 quilômetros da base de lançamento de Banghyon, no oeste do país. O tempo de voo foi de 39 minutos.

Este é o lançamento mais longo já realizado pelos norte-coreanos e o que alcançou maior altitude, mas o Japão ainda estuda os dados do disparo para descobrir se este é mesmo um míssil balístico intercontinental.

Caso se confirme a eficácia do lançamento, o míssil representaria uma evolução considerável no programa nuclear norte-coreano.

Com base nos dados da trajetória do projétil lançado nesta segunda, especialistas estimam que o Hwasong-14 poderia atingir alvos a até 8.000 quilômetros de distância, pondo o Estado americano do Alasca em seu raio de alcance.

Em desrespeito a sanções impostas pela Organização das Nações Unidas, o regime de Pyongyang tem realizado nos últimos anos diversos testes na busca de um míssil capaz de carregar uma ogiva nuclear miniaturizada.

Em 2016, por exemplo, o país conduziu dois testes com bomba atômica -em um deles, conseguiu produzir sua explosão mais poderosa desde que começou a conduzir esse tipo de teste, em 2006. Apesar dos recentes avanços da Coreia do Norte, ainda não está claro se o país tem tecnologia suficiente para produzir uma bomba atômica capaz de ser usada em combate.

Ante as repetidas ameaças de Pyongyang, os Estados Unidos testaram com sucesso, em maio, um sistema de interceptação de mísseis intercontinentais. Além disso, as autoridades americanas recentemente “[transferiram um porta-aviões]”http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/04/1874036-governo-americano-envia-porta-avioes-e-destroieres-para-a-peninsula-coreana.shtml para a península Coreana, conduziram exercícios militares na região e aceleraram a instalação do Thaad, um poderoso escudo antimísseis, na Coreia do Sul.

Reação

Ainda na segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou o teste de míssil norte-coreano: “Este cara [Kim Jong-un] não tem nada melhor para fazer da vida? É difícil acreditar que a Coreia do Sul e o Japão vão aguentar isso por muito tempo. Talvez a China pressione a Coreia do Norte e acabar com este absurdo de uma vez por todas!”

Um porta-voz do governo da China pediu calma a todas as partes envolvidas e voltou a pedir uma solução pacifica para as tensões na região. O país é o único a manter relações mais próximas com a Coreia do Norte. A China também defendeu os seus “esforços incessantes” para resolver a crise.

Em comunicado conjunto, a Rússia e a China pediram que Coreia do Norte, Coreia do Sul e Estados Unidos concordem com um plano para reduzir as tensões sobre o programa de armas do regime norte-coreano.

O plano levaria a Coreia do Norte a suspender seu programa de mísseis balísticos, enquanto os EUA e a Coreia do Sul declarariam simultaneamente moratória nos exercícios de grande escala com mísseis. As medidas têm o objetivo de abrir caminho para conversas multilaterais.

“Rússia e China irão trabalhar em coordenação próxima para fazer avançar uma solução para o complexo problema da Península Coreana de todas as maneiras possíveis”, afirmam os governos no comunicado.

Moscou e Pequim usaram o mesmo comunicado conjunto para pedir aos EUA a suspensão imediata da instalação do sistema antimísseis na Coreia do Sul.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, ordenou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.

O novo teste de míssil norte-coreano ocorre realizado poucos depois de uma visita de Moon a Washington, onde discutiu com Trump a “ameaça” representada por Pyongyang. Após o encontro, o líder americano declarou que a “paciência estratégica” com a Coreia do Norte acabou.

O lançamento também ocorreu horas antes das celebrações de 4 de Julho nos Estados Unidos para o Dia da Independência e a poucos dias da cúpula de líderes do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, que será realizada na Alemanha. No encontro, os líderes de EUA, China, Japão e Coreia do Sul devem discutir maneiras de controlar os testes nucleares e antimísseis norte-coreanos. (Folhapress)

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