Em menos de um mês na Casa Branca, o presidente Donald Trump teve a primeira grande baixa em sua equipe, com a renúncia do conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, após um escândalo envolvendo a Rússia.
O general Flynn apresentou sua carta de demissão na noite de segunda-feira (madrugada desta terça no Brasil), depois de ter sido revelado que ele conversou com o embaixador russo em Washington sobre as sanções ao país em dezembro, antes de Trump tomar posse.
O que já era grave -alguém de fora do governo vigente tratar com outro governo sobre temas de política externa- ficou ainda mais pelo fato de Flynn ter mentido ao vice-presidente, Mike Pence, sobre o conteúdo da conversa, ocultando que trataram de sanções.
Para o posto, Trump designou, de forma interina, o general Joseph Keith Kellogg, que serviu por mais de 30 anos nas Forças Armadas, tendo ajudado a comandar a coalizão que governou o Iraque em 2003 e 2004. Segundo a Bloomberg, ele depois trabalhou para uma empresa de defesa com contratos com o governo americano.
Em sua carta de demissão, Flynn disse que, após ter sido indicado, em dezembro, fez vários telefonemas a embaixadores, ministros e suas contrapartes estrangeiras para “facilitar uma transição suave” -o que é uma “prática comum” numa troca de governo.
Ele, contudo, admite que “infelizmente, por causa da velocidade dos acontecimentos, transmitiu sem querer ao vice-presidente eleito e a outros informações incompletas” sobre suas conversas com o embaixador russo, Sergei Kislyak.
Flynn disse ainda ter pedido desculpas ao vice-presidente e ao presidente Trump. “Eles aceitaram minhas desculpas”, disse o general, na carta, em que também se “honrado” de ter prestado serviços ao país sob as ordens de Trump.
Pence tinha chegado a defender Flynn em diversos programas de televisão antes da posse, dizendo que as sanções -aplicadas por Barack Obama após a acusação de que Moscou interferiu nas eleições presidenciais por meio de hackers- não tinham sido discutidas.
Na última sexta (10), jornais americanos revelaram que os serviços de inteligência descobriram que Flynn havia pedido ao embaixador para não reagir de forma desproporcional porque o governo Trump poderia rever as sanções quando chegasse à Casa Branca.
Desde então, parlamentares democratas exigiam a saída de Flynn.
Os republicanos haviam optado por permanecer em silêncio, assim como a Casa Branca. Só que o silêncio de Trump, que não hesita em usar o Twitter para defender membros de sua equipe, também dava indicações de que a situação de Flynn havia se deteriorado dentro do núcleo mais próximo ao presidente.
Horas antes de o general apresentar a demissão, a assessora de Trump Kellyanne Conway havia dito, nesta segunda (13), que o presidente tem “total confiança” em Flynn. Depois, no entanto, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump estava “avaliando” a situação do conselheiro.
O general Flynn serviu por 33 anos nas Forças Armadas antes de chefiar a Agência de Inteligência de Defesa no governo Obama (2012-2014). Depois que foi demitido, se tornou um fervoroso apoiador de Trump, com quem divide posições semelhantes sobre combate ao terrorismo e Rússia. (Folhapress)
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