20 de dezembro de 2024
Cidades • atualizado em 13/02/2020 às 00:16

Conflito entre ponto fixo e rotativo pode ter sido a causa da morte de taxista

Durante a noite desta quinta-feira (29) aconteceu uma briga por disputas de um ponto de táxi na porta do Crer, no Setor Nova Vila, em Goiânia. Um taxista acabou tirando a vida do outro com oito disparos de arma de fogo. O ponto de táxi do Crer é um ponto fixo de taxistas que são cadastrados por CPF. O ponto não havia identificação afirmando ser um ponto fixo. O autor dos disparos, um taxista que ainda não foi identificado, não fazia parte do ponto fixo e pegou uma passageira. Fernando de Souza, taxista que fazia parte do ponto fixo, o seguiu. Depois da perseguição, os dois entraram em uma discussão, que resultou na morte de Fernando.

Recentemente o Ministério Público Estadual propôs uma ação na Justiça com o intuito de transformar todos os pontos de taxi da capital em uma só modalidade, o chamado ponto de táxi rotativo, onde todos podem parar quando houver vaga. Foi determinada a demarcação de 50% dos pontos de táxi em Goiânia como fixos e 50% como rotativos. A Justiça deu um prazo de 60 dias para a Prefeitura se adequar e colocar placas de identificação diferenciando os pontos rotativos dos pontos fixos na capital. Durante a primeira audiência, a Prefeitura solicitou mais 60 dias. Luís Roberto, Gerente da Regulação de Transportes diz que a SMT está trabalhando dentro do possível, e que estão dentro do prazo, que acaba no final de outubro.

Hugo Nascimento, presidente da Associação dos Permissionários de Táxi (Aspertagyn) durante uma entrevista à rádio Vinha FM, afirma ser contrário à proposta do Ministério Público. “Preocupados primeiramente com a população, porque poderá haverá haver uma tendência dos taxistas se concentrarem em locais que tem um fluxo maior de passageiros como shopping, aeroporto, rodoviária e isso vai trazer um desiquilíbrio ao sistema. As pessoas que estão mais afastadas vão ter dificuldades em conseguir um veículo ou uma demora maior” diz ele. O segundo fator seria a relutância de algumas partes a mudança de um sistema que está fidelizados a décadas dessa forma.

José Constantino Neto, que trabalha como taxista há 38 anos e faz parte da Associação dos taxistas de Goiânia, é a favor de que todos os pontos de táxi da capital sejam pontos rotativos. “Trabalho desde o ano de 1978 como taxista na capital e nunca tive um ponto bom. Os melhores pontos ficam exclusivos para algumas cooperativa” alega o taxista. Em contrapartida Luís Roberto afirma que não há esta monopolização, que por exemplo no Shopping Cerrado houve uma solicitação das empresas de rádio taxi para a implantação de um ponto fixo, que foi negado pela SMT. Hoje o ponto na porta do Shopping Cerrado é rotativo.

O recém taxista, Gilson Santana que está na profissão há pouco mais de um ano, destaca que se houvesse rotatividade haveria uma maior economia. “Com a rotatividade o taxista que por exemplo sair do centro e deixar um passageiro próximo ao shopping Flamboyant, poderia parar no ponto do Shopping e pegar outro passageiro, ao invés de voltar para o seu ponto com o carro vazio” diz.

Os taxistas também sugerem a abertura de novos pontos de táxis, já que foram dadas 800 novas permissões e não abriu mais pontos, o que gera conflito e disputa pelos pontos existentes. De acordo informações dadas por Luís Roberto, desde 2010 foi criada uma portaria que não autoriza a criação de novos pontos de táxis, enquanto não houver a regulamentação de todos os pontos de táxi.

Luís Roberto, destaca que o primeiro ponto para estes conflitos são os novos aplicativos de transporte. “Estes aplicativos irregulares, os camelôs do transporte, acabaram levando os passageiros dos taxis, o que diminuiu o rendimento deles e levou alguns a procurarem alternativas, como a adesão a rotatividade” afirma.

De acordo com Luís, por Goiânia ter a tradição de seus pontos em sua maioria serem fixos, acaba trazendo uma relutância de alguns taxistas antigos em dividir seus pontos com outros taxistas de forma rotativa. Ele acredita que a melhor forma seria se a migração para rotativos fosse de forma de natural. “Cito dois exemplos sobre essa naturalidade, no Hugol e no Shopping Cerrado. Por serem novas construções houve a criação de pontos rotativos, o que não gerou nenhum conflito com taxistas antigos” afirma ele.

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