A revista Veja publicou uma reportagem bombástica que mostra a confissão do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, sobre o esquema de venda de presentes recebidos de autoridades estrangeiras, incluindo joias da Arábia Saudita. Segundo Cid, Bolsonaro ordenou que ele “derretesse os presentes” para “fazer dinheiro”.
A confissão de Cid foi revelada pelo seu advogado, Cezar Bitencourt, que assumiu a defesa do ex-militar após a saída do advogado Bernardo Fenelon, que alegou “questões íntimas”. Cid está preso desde maio de 2023, acusado de contrabando e lavagem de dinheiro na Operação Lucas 12:2, que investiga o destino dos presentes recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais.
De acordo com a reportagem da Veja, Cid dirá à Justiça detalhes sobre a movimentação em torno das joias e outros objetos de valor dados por delegações estrangeiras, como relógios, espadas e medalhas. Ele afirmará que Bolsonaro tinha conhecimento e autorização sobre a venda desses itens nos Estados Unidos.
“Operação Lucas 12:2”
A Polícia Federal apura a venda de dois relógios de luxo, um da marca Rolex e outro da marca Patek Philippe, em uma loja na Pensilvânia, por US$ 68 mil. Um dos relógios, o da marca Rolex, foi recomprado nos EUA por Frederick Wassef, advogado dos Bolsonaros. Ele disse ter comprado a peça para “cumprir decisão do TCU” e negou que tivesse agido a pedido de Cid ou do ex-presidente.
A Veja também revelou que Cid usou uma conta bancária em nome de seu pai, Mauro Lourena Cid, para receber os pagamentos pela venda das peças nos EUA. Seu pai resistiu à ideia no início, mas concordou em emprestar a conta para evitar que o filho viajasse ao Brasil com o dinheiro em espécie. Os dois teriam combinado de aproveitar a ida de Bolsonaro a Miami em dezembro de 2022 para entregar parte do valor da venda dos presentes.
A confissão de Cid pode complicar ainda mais a situação de Bolsonaro, que já é investigado por outros crimes, como fraude em cartões de vacinação e interferência na Polícia Federal. O ex-presidente nega todas as acusações e diz ser vítima de perseguição política.
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