Chanceleres e diplomatas de 75 países se reuniram neste domingo (15) para reacender o processo de paz entre israelenses e palestinos, apesar do balde de água fria simbolizado pela ausência de ambos Israel e a Autoridade Nacional Palestina.
A conferência de paz, realizada cinco dias antes da posse de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, tenta enviar uma derradeira mensagem de otimismo à região.
O governo de Trump deve tomar uma série de medidas vistas como daninhas a essas negociações, como mover a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.
O encontro deste domingo foi iniciado por comentários de Jean-Marc Ayrault, chanceler francês, que afirmou não haver solução ao conflito que não seja a proposta de criar dois Estados. Ele afirmou estar ciente das reservas sobre a conferência, em uma mensagem a Israel.
Binyamin Netanyahu, premiê israelense, apresentou nos últimos dias fortes objeções à realização dessas negociações. Em reunião com seu gabinete, ele afirmou que a conferência era “fútil” e que pertencia ao “mundo de ontem”. “O amanhã será diferente”, disse o premiê.
De fato, quando Trump assumir a Presidência no próximo dia 20, a posição de Netanyahu deve fortalecer-se. A transferência da embaixada a Jerusalém, de enorme simbolismo, seria uma vitória para Israel. O escritório diplomático está em Tel Aviv há 68 anos. O status de Jerusalém como capital israelense é, afinal, controverso.
Mahmoud Abbas, presidente palestino, escreveu a Trump afirmando que a mudança destruiria o processo de paz e impediria que os EUA continuassem a ser um mediador nesta região.
As relações entre EUA e Israel se deterioraram nos últimos anos, durante o governo de Barack Obama, chegando a um ponto baixo em dezembro quando Washington decidiu não vetar uma resolução da ONU que exigia o fim dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Os assentamentos israelenses nesse território -conquistado por Israel na guerra de 1967- são hoje considerados um dos principais entraves às negociações de paz.
A conferência de paz em Paris deve ser encerrada às 17h locais (às 14h em Brasília) com um comunicado conjunto. Um jornal israelense afirma ter tido acesso ao rascunho da declaração, que pediria que ambos os lados do conflito reafirmassem seu comprometimento com uma solução de dois Estados.
(FOLHA PRESS)
Leia mais sobre: Mundo