O Condomínio Aldeia do Vale afirma que não há em seu registro de moradores, o nome e o CPF da mulher que proferiu injúria racista a um entregador no último domingo (25/10). O caso ganhou repercussão ao longo desta terça-feira (26/10) após a hamburgueria que o motoqueiro era contratado divulgar o assunto nas redes sociais. Com a denúncia feita e externalizada, entregadores de aplicativo e motoboys foram à porta do condomínio protestar.
A informação foi confirmada após o Condomínio ter acesso, por meio de um advogado, ao Boletim de Ocorrência feito pela Hamburgueria na Delegacia de Crimes Cibernéticos de Goiânia. O diretor do Grupo Tecnoseg, que faz a gestão de segurança do condomínio Ivan Hermano, acredita em um possível trote. “Essa pessoa infelizmente passou um trote em todos nós e no aplicativo pedindo que a entrega fosse feita dentro de um local onde ela não estava e não reside. E soubemos disso a partir do documento que a Polícia Civil nos passou informando o nome e o CPF dessa pessoa para que nós averiguamos se seria moradora ou não”, pontua em entrevista ao Diário de Goiás.
Questionado sobre a possibilidade de ser algum visitante, Ivan descartou a hipótese. “Mesmo se fosse visitante teria o registro do nome dessa pessoa lá, e nem como visitante, nem como prestadora de serviço, nem como moradora há o registro dessa pessoa.”
Ivan ressaltou que nenhum funcionário do Aldeia do Vale impediu a entrada do motoqueiro no prédio por conta da cor de sua pele. “Quando o entregador chegou, ele não tinha o endereço completo, o pessoal da segurança não permitiu que ele acessasse, pois não tinha o endereço e nem o nome da pessoa batia com o nome de alguém, foi quando ele informou a hamburgueria e o pessoal da lanchonete que tentou entrar em contato com essa pessoa que fez o pedido e foi nesse momento que houve a injúria criminosa que está sendo apurada.”
O síndico do Condomínio, Sérgio Cecílio também pontuou que não houve por parte da equipe que trabalha no Aldeia do Vale nenhum ato de discriminação em torno do motoqueiro. “O que aconteceu foi que ele [motoqueiro] não tinha o endereço completo e não permitiram a entrada. Mas ele foi tratado como qualquer outro entregador que vai ao condomínio fazer entregas”, pontuou.
“Estamos tendo uma repercussão negativa como se todo o morador aqui fosse racista. Por alguém que nem mora aqui. Não existe nenhum registro dele. Não bate, nada batia.”, ressaltou que acredita na possibilidade de algum golpe contra o condomínio. “Mas isso é com a Delegacia, que deverá fazer toda a investigação. Já fornecemos todos os materiais para eles, para saber de onde foi a origem disso”.
Sérgio destacou se caso a pessoa que fez os ataques fosse morador, ela deveria estar presa. “Não foi morador daqui e se fosse, a Policia tinha que intimar e levar a delegacia, prender e fazer o inquérito e ponto final. Racismo é crime”, destaca.
Hamburgueria atinge mais de 17 mil seguidores
Em uma rede social, a Hamburgueria que fez as denúncias chegou a mais de 17 mil seguidores. Em uma mensagem trocada com a gerente da hamburgueria, a moradora do condomínio se nega em receber o pedido pelo fato de o entregador ser negro.
A Hamburgueria publicou a conversa da gerente do estabelecimento com a possível moradora. Ela se negou a deixar o entregador entrar e pediu para que o pedido retornasse e a enviasse alguém que fosse branco. “Eu não vou permitir esse macaco”.
Quando a gerente afirma que o entregador irá voltar e não tolera racismo, a pessoa que faz os ataques se revela também nazista: “não uso restaurante judaíco”.
O caso será apurado pela Delegacia de Crimes Cibernéticos. “Esperamos que tudo se elucide e cheguem à quem fez esse trote. O condomínio não tem nada a ver com isso”, pontuou Sérgio.