Conhecida pelo tradicional Festival Italiano que acontece em Nova Veneza, a cidade pode ser em breve, vista de outra maneira: por meio do lixo. É que um aterro sanitário deverá ser construído na região e receberá dejetos de outros cinco municípios. Um decreto assinado pelo prefeito de Brazabrantes, José Tomé Correia Filho desapropriou a fazenda em que o empreendimento deverá ser implantado. A dona do imóvel, Daniela Padra de Oliveira ainda tenta entender o que está acontecendo e promete ir à Justiça para evitar que os planos sejam efetivados.
Em entrevista ao Diário de Goiás, Daniela diz que não houve nenhum debate em torno da proposta. “Estamos tentando entender. Nós não fomos informados de nada, não teve audiência pública. Hoje que o prefeito da cidade convidou a pedido do pessoal dos condomínios e nós para um esclarecimentos na Câmara Municipal”, pontuou. O mandatário, Valdemar Batista Costa, garantiu na audiência com os moradores que o aterro não seria feito na cidade, o que gerou ainda mais surpresas para os moradores. O imóvel foi registrado em Nova Veneza mas a propriedade fica em Brazabrantes.
Daniela explica que são lixos de cinco cidades que vão para Nova Veneza. “Vai ser o município todo que vai ser afetado. São cinco municípios e Nova Veneza é um dos menores que vai receber todo esse lixo em quantidade total.” O Consórcio envolve as cidades de Brazabrantes, Damolândia, Inhumas, Nova Veneza e Santo Antônio de Goiás.
Ela está preocupada não apenas com o seu imóvel mas também com todo o impacto no município. “Aqui é cidade do festival italiano, mais de dez condomínios, ponto de ciclismo, tem romaria da fé. O impacto não é só por nosso terreno. Nossa luta é em defesa do município e de Nova Veneza. Nós somos empresários aqui também e como empresários estamos vendo que isso vai ser o fim da nossa cidade. Ninguém vai investir e vai ser uma queda absurda nos imóveis. Quem vai querer investir na cidade do lixo?”
Morador da cidade, o economista Cláudio Costa diz que toda a tramitação foi feita “na surdina”. Sequer houve consulta popular. “Nós fomos surpreendidos na região, porque foi criado um consórcio de seis municípios e estão trazendo de última hora, aqui para a nossa região, um aterro sanitário que vai destinar a lixo de seis municípios. E isso tudo foi feito, assim, na surdina, sem consulta popular, sem audiência pública, sem a questão de uma divulgação, desinteresse”, pontuou em entrevista ao Diário de Goiás.
Não houve sequer um relatório com os impactos ambientais que a obra poderia trazer. “Não foi feito o estudo de impacto ambiental, que com uma obra, um projeto dessa magnitude, que vai receber destinação de resíduos sólidos de seis municípios, deveria no mínimo fazer um estudo de eia rima, que é um estudo socioeconômico, que vai tratar da economia, das questões sociais, da questão do meio ambiente.”
O economista diz que o projeto está sendo tocado a toque de caixa. “Nós tivemos conhecimento desse fato no final de semana. Até então, ninguém, em lugar nenhum, tinha sido divulgado. Então nós procuramos o prefeito, não fomos atendidos de imediato.”