07 de agosto de 2024
Histórico • atualizado em 17/11/2022 às 07:52

Com trajetória polêmica, Igor Franco assume mandato de vereador em Goiânia

Fazendeiro já se envolveu em disputa de propriedades na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no Pará
Igor Franco é o mais novo vereador de Goiânia (Foto: Reprodução/Instagram)
Igor Franco é o mais novo vereador de Goiânia (Foto: Reprodução/Instagram)

Apesar de não ter conseguido se eleger deputado federal nas últimas eleições, o fazendeiro Igor Franco (PRTB) conseguiu uma vitória política em 2022. Após a cassação da chapa do Cidadania para vereador de Goiânia no pleito de 2020, ele assumiu uma cadeira na Câmara Municipal de Goiânia, tendo sido empossado nesta quarta-feira (16/11).

Além de 2020, Franco já havia tentando vaga de vereador nas eleições de 2008, 2012 e 2016. Não obteve sucesso em nenhuma delas. Em outro estado, porém, o fazendeiro tem um trajetória fora da política marcada por polêmicas, inclusive com repercussão a nível nacional.

Em 2020, ele já era procurador da Prefeitura de São Félix do Xingu, no Pará, quando comemorou, por meio de vídeo publicado nas redes sociais, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que deu margem para uma possível redução da demarcação da Terra Indígena (TI) Apyterewa.

“O despacho [do STF] remete o processo para o núcleo de conciliação. Primeiramente será ouvida a União sobre essa possibilidade. E esse pedido nosso é tão somente para que nesse primeiro momento seja refeito o laudo antropológico. Porque nós, é de conhecimento de todos da região, que na questão Apyterewa, na sua grande extensão, não tem índio”, disse.

Porém, relatos da região indicam que os índios, na verdade, preferem não transitar na terra indígena com o objetivo de evitar confronto com invasores. Vale dizer que a ação no STF, comemorada justamente pelos invasores, foi de autoria da própria Prefeitura de São Félix do Xingu.

Em reportagem do site Repórter Brasil, de setembro de 2022, já depois de a conciliação não ter avançado, Franco reforçou sua defesa para que a TI seja rediscutida. “É preciso um novo estudo antropológico da área, porque o que foi feito teve fraudes e vícios, então é preciso fazer um que busque a verdade, o  município defende isso.”

“Pedimos a reconsideração por parte do STF, para que o processo [de conciliação] volte. É uma vontade dos índios e dos não índios”, acrescentou o mais novo vereador de Goiânia, apesar de especialistas, como Carlos Fausto, antropólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor de uma tese de doutorado sobre o povo Parakanã, afirmarem que o assunto é inconstitucional.

“Uma terra homologada não pode ser reduzida. Se há famílias em estado de vulnerabilidade [dentro da TI] é necessário fazer reforma agrária, mas fora de lá. E para os fazendeiros, é saída sem indenização, a não ser que provem que entraram de boa fé nos anos 90”, pontuou.

Além disso, em 2017, Franco chegou a ser citado durante debate na CPI da Funai e Incra 2, cujo relatório pede o indiciamento de cerca de 90 pessoas por supostos crimes praticados em processos de demarcação de terras indígenas, de quilombolas e até em assentamentos rurais destinados à reforma agrária, segundo a Agência Câmara de Notícias.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) criticou o trabalho da CPI por ter usado “aeronaves privadas pertencentes a pessoas que tinham interesse nas terras em diligências” e ter levando em diligências pessoas que possuem conflito com indígenas, como Franco, que disputa uma propriedade na TI Apyterewa.


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