O aumento de provisões para contingências levou a Eletrobras a prejuízo de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, contra lucro de R$ 558 milhões no mesmo período do ano anterior. Em 2018, a companhia acumula lucro de R$ 1,2 bilhão, 53% a menos do que o registrado nos nove primeiros meses de 2017.
A companhia diz que o resultado do trimestre teve impacto negativo de R$ 2,2 bilhões com a provisão de R$ 1,5 bilhão devido à revisão de estimativas sobre o valor de processos judiciais contra taxa cobrada na conta de luz de grandes consumidores até a década de 1990.
A empresa provisionou ainda R$ 418 milhões para perda de valor em ativos colocados à venda e R$ 241 milhões para perdas da usina de Sobradinho pela incapacidade de cumprir seus contratos de venda de energia diante da seca no rio São Francisco.
No trimestre, a Eletrobras teve receita líquida de R$ 8,9 bilhões, 0,5% acima do mesmo período do ano anterior. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortizações) caiu 92%, para R$ 189 milhões, com impacto das provisões.
Sem considerar a atualização dos riscos para ações judiciais e outros fatores não recorrentes, diz a companhia, o Ebitda teria subido 18%, para R$ 1,7 bilhão.
A estatal voltou a ter prejuízo com suas operações de distribuição de energia, de R$ 998 milhões no trimestre. No ano, as perdas acumuladas com este segmento somam R$ 2 bilhões.
Em 2018, a Eletrobras vendeu quatro das seis distribuidoras que herdou do processo de privatização do setor nos anos 1990, responsáveis pelo atendimento no Piauí, Acre, Rondônia e Roraima.
Tentará no fim do mês vender a Amazonas Energia, a mais deficitária. A sexta, que abastece Alagoas, é alvo de disputa judicial com o governo do Estado, que suspendeu a venda no STF (Supremo Tribunal Federal).
Já a atividade de geração de energia rendeu à Eletrobras lucro de R$ 2,5 bilhões nos nove primeiros meses de 2018 (R$ 832 milhões no terceiro trimestre). A transmissão acumula resultado positivo de R$ 1,6 bilhão no ano (R$ 103 milhões no trimestre).
A Eletrobras fechou o trimestre com dívida líquida de R$ 19,9 bilhões, 1,6% a menos do que o verificado no fim de 2017. Em setembro, a companhia vendeu fatias em 26 empresas de geração e transmissão de energia, por R$ 1,3 bilhão.
Compulsório
O aumento da provisão para processos judiciais refere-se aos chamados empréstimos compulsórios, que passaram a ser cobrados de grandes consumidores em 1978. Atualmente, há milhares de ações questionando o valor do ressarcimento, que foi feito em ações.
Parte delas contesta a base de cálculo usada pela empresa para atualizar os valores. Neste caso, o valor total das ações possíveis no dia 30 de setembro era de R$ 3,8 bilhões, diz a companhia.
Outra ação, movida pela Associação Brasileira de Consumidores de Água e Energia pede a devolução do empréstimo com base no valor de mercado das ações e não em seu valor patrimonial. O valor da causa é R$ 3,6 bilhões. (Folhapress)
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