Lionel Messi ouviu várias vezes a acusação, em seu país natal, de que não mostra pela Argentina o mesmo futebol que apresenta no Barcelona. Nesta quinta (31), contra o Uruguai, em Montevidéu, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo, ninguém pôde dizer isso. De longe o melhor em campo, o camisa 10 criou todas as jogadas ofensivas da sua seleção. O problema foi que seus companheiros não estavam à altura.
A estrela uruguaia, Suárez, fez bom jogo enquanto teve fôlego, mas depois, ainda lesionado, cansou.
Por causa disso, Uruguai e Argentina empataram em 0 a 0.
O resultado não foi ruim, já que manteve as chances de classificação das duas equipes de ir para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. O Uruguai chegou ao terceiro lugar, com 24 pontos. A Argentina continua em quinto, com 23.
Durante boa parte do primeiro tempo, o sistema de marcação uruguaio, com linhas de quatro jogadores no meio e na defesa, frustrou a Argentina. Quando o rival tinha a bola, os donos da casa chegaram a colocar os 11 jogadores na defesa.
Recebendo a primeira chance como titular em uma partida de eliminatórias, o atacante Mauro Icardi, o substituto de Gonzalo Higuaín, foi figura nula em campo.
Sem a opção de sequer cruzar a bola na área com eficiência, sobrava à Argentina chutes de longe. O mais perigoso foi de Bigilia aos 38, o outro nome argentino, além de Messi, que saiu de campo com crédito.
O Uruguai tinha mais conjunto para construir jogadas explorando as laterais com Nández, Vecino e González. A insegurança da zaga adversária e a presença de Cavani e Suárez na área causavam alvoroço a cada bola alçada na área. Recuperado de lesão no joelho a tempo de entrar em campo, o camisa 9 encontrava liberdade em campo, puxava a marcação e abria espaços para Cristian “Cebolla” Rodríguez, que não conseguia aproveitar.
Erros na saída de bola davam chances ao Uruguai. Quando Pizarro trombou com Cavani, a bola sobrou para Suárez tentar um golaço por cobertura. Errou por pouco. Cavani teve duas chances para anotar após falha do goleiro Romero. Sem sucesso.
Com suas peças ofensivas bem marcadas, a Argentina precisava que alguém criasse algo do nada. Messi se apresentou.
Atuando como enganche, o termo argentino para o meia criador de jogadas e que chega ao ataque para finalizar, ele recuava mais e mais para buscar a bola e se envolver na partida. Deu bons passes para Dybala, Acuña e Di María. Tentou arremate cruzado na entrada da área. Arrancou da intermediária, tabelou com Dybala e ficou cara a cara com Muslera. Uma jogada típica de Messi, menos a finalização, que foi fraca.
No segundo tempo, o Uruguai caiu de rendimento porque Suárez não foi mais o mesmo jogador. Continuou se movimentando e pedindo passes, mas não fugia da marcação e sentiu o ritmo do jogo. Ao se lesionar pelo Barcelona, em 17 de agosto, a previsão era que voltaria aos gramados apenas após um mês.
Mancando muito, o centroavante foi substituído por Stuani aos 37 minutos.
Apesar do futebol ruim de Icardi, o técnico Jorge Sampaoli o manteve em campo os 90 minutos e preferiu sacar Dybala para colocar Pastore.
A Argentina teve mais volume de jogo na etapa final e continuou na mesma toada. Conseguiu superar o bloqueio uruguaio quando Messi tinha a bola. Ele quase fez gol de falta aos 13 minutos e três vezes, quando carregava a bola desde a defesa, foi parado apenas com faltas.
Messi não tinha apoio, porém, e, por isso, a Argentina não ameaçou mais. O maior candidato a seu coadjuvante, Dybala, pareceu ter cansado após o intervalo. Nem mesmo os chutes de fora da área foram tentados.
A partir dos 25 minutos, ficou claro para as duas seleções que o empate não era um empate ruim para ninguém. Os ataques passaram a ser mais cautelosos, por medo do passe errado e de sofrer o contra-ataque. O Uruguai parou de pressionar a saída de bola da Argentina, algo que deu certo a partida inteira.
URUGUAI
Muslera; Cáceres, Giménez, Godín e Gastón Silva; Nández, Vecino, Álvaro González (Corujo) e Cristian Rodríguez; Cavani e Suárez (Stuani). T.: Óscar Tabárez
ARGENTINA
Romero; Mercado, Fazio, Otamendi; Acuña (Acosta); Biglia, Pizarro e Di María (Correa); Lionel Messi, Mauro Icardi e Paulo Dybala (Pastore). T.: Jorge Sampaoli
Estádio: Centenário, em Montevidéu (Uruguai)
Juiz: Víctor Carrillo (PER)
Cartões amarelos: Giménez e Álvaro González (URU); Mercado e Pastore (ARG)
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