22 de novembro de 2024
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Com menos vacinas que outros estados, Goiás pediu mais doses duas vezes e não foi atendido

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

O governo de Goiás enviou dois ofícios ao Ministério da Saúde reivindicando doses extras de imunizantes anticovid, em junho e julho, porém não foi atendido pelo governo federal.

Documentos que o Diário de Goiás teve acesso com exclusividade mostram que em 11 de junho (2021) o secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, enviou o pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, uma quantidade extra de vacinas devido aos jogos da Copa América, que seriam realizados em Goiânia.

“A par de cumprimentá-lo, sirvo-me do presente expediente para solicitar a disponibilização de doses extras de vacinas contra a covid-19 para o estado de Goiás, em virtude de sua capital ter sido escolhida como uma das cidades a receber jogos e delegações de seleções que participarão da Copa América”, diz trecho do ofício.

A Copa América ocorreu no Brasil de 14 de junho a 10 de julho. A Argentina acabou sendo campeã vencendo o Brasil. O país sede desses jogos seria a própria Argentina, porém o presidente daquele país, Alberto Fernández, proibiu a realização devido à pandemia da covid-19. A Conmebol, então, contatou o governo brasileiro, que aceitou realizar os jogos no país.

Depois, em 14 de julho, o secretário Ismael Alexandrino volta a enviar a Marcelo Queiroga outro ofício pedindo mais 104.496 doses de vacinas para que, segundo o titular da saúde, fosse feito uma compensação ao estado de Goiás, que havia aplicado essa mesma quantidade em pessoas do Distrito Federal.

“A par de cumprimentá-lo, sirvo-me do presente expediente para solicitar a disponibilização de 104.496 doses extras de vacinas contra a covid-19, a título de compensação pela aplicação desse mesmo quantitativo de imunizantes pelo estado de Goiás em pessoas residentes no Distrito Federal até a data de ontem (13 de julho de 2021), conforme dados constantes do sistema SI-PNI deste órgão federal”, pontua o documento.

No pedido, o secretário argumenta também que o próprio governo do Distrito Federal pediu ao ministério doses extras — e conseguiu — com o estratagema de que usou vacinas aplicando-as em pessoas de outros estados. Neste caso, o governo federal atendeu ao pedido de Ibaneis Rocha e se prontificou de enviar ao DF 250 mil vacinas extras.

Desde o início da campanha de vacinação contra a covid-19 em todo o país, Goiás recebe menos vacinas que outros estados — proporcionalmente. A distribuição dos imunizantes vem sendo desigual, mormente, para os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Goiás, por exemplo, no Centro-Oeste é o estado que menos recebeu vacinas junto ao Distrito Federal, segundo dados apresentados pelo Poder Goiás.

  • Mato Grosso do Sul – 61,8% (2.390.520 doses recebidas);
  • Mato Grosso – 52,4% (2.619.470);
  • Goiás – 48,8% (5.078.230);
  • Distrito Federal – 48,8% (2.223.870).

À reportagem do Diário de Goiás, Ismael Alexandrino aponta que essa distribuição deveria seguir estritamente de forma proporcional, isto é, a quantidade vacinas de acordo com a população de cada estado. O titular da saúde disse também que o fato de o país estar há 11 anos sem o censo do IBGE, onde é possível termos números reais da população brasileira, isso também pode prejudicar no envio de vacinas aos estados.

“Vacinação é evento coletivo e devia ser proporcional à população. Além das distorções dos Estados que citei, ainda tem o agravamento da distorção baseado no IBGE, que tem 11 anos o último censo”, explicou o secretário ao DG.

Abaixo a distribuição de vacinas para cada estado

Sudeste (64,6%)

  • São Paulo – 68,6% (47.780.488 doses recebidas);
  • Rio de Janeiro – 59,9% (15.830.745);
  • Espírito Santo – 56,6% (3.387.730);
  • Minas Gerais – 54,1% (17.496.244).

Sul (59,2%)

  • Rio Grande do Sul – 61% (10.660.686 doses recebidas);
  • Paraná – 55,8% (9.553.200);
  • Santa Catarina – 54,6% (5.956.710).

Centro-Oeste (50,9%)

  • Mato Grosso do Sul – 61,8% (2.390.520 doses recebidas);
  • Mato Grosso – 52,4% (2.619.470);
  • Goiás – 48,8% (5.078.230);
  • Distrito Federal – 48,8% (2.223.870).

 Nordeste (48,6%)

  • Alagoas – 51,7% (2.426.360 doses recebidas);
  • Paraíba – 51,4% (3.033.040);
  • Rio Grande do Norte – 50,8% (2.644.510);.
  • Pernambuco – 50,1% (6.962.270);
  • Maranhão – 50% (4.827.580);
  • Piauí – 49,9% (2.350.430);
  • Bahia – 49% (10.691.530);
  • Sergipe – 48,9% (1.629.050);
  • Ceará – 48,8% (6.542.868)

Norte (47,2%)

Amazonas – 64,2% (3.511.590 doses recebidas);

Acre – 63,1% (726.800;

Roraima – 54,1% (460.728);

Amapá – 48,3% (545.230);

Pará – 48% (5.665.400);

Tocantins – 45,5% (1.009.920);

Rondônia – 44,8% (1.143.788).

A reportagem do DG não conseguiu contato com o Ministério da Saúde neste domingo (1).


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