24 de novembro de 2024
Esportes

Com marcação reforçada, Brasil encara o “fantasma” da Alemanha

Estádio Olímpico Berlim. (Foto: CBF News)
Estádio Olímpico Berlim. (Foto: CBF News)

IGOR GIELOW, ENVIADO ESPECIAL, E GUILHERME MAGALHÃES
BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – A seleção brasileira fará nesta terça-feira (27) um exorcismo final antes da Copa do Mundo da Rússia, mas ainda precisa convencer o fantasma do outro lado sobre importância do ritual.

“O 7 a 1 é real. A gente carrega esse fantasminha todo o dia”, enfim admitiu o técnico Tite, ao comentar o amistoso contra a Alemanha, em Berlim. Será o primeiro embate das duas equipes principais dos países desde a semifinal da Copa de 2014.

Após passar dias minimizando o peso do jogo, Tite disse que esse é o maior teste psicológico e emocional do time que assumiu em 2016, antes do Mundial da Rússia, que começa em junho.

Até a única novidade tática do Brasil em relação à vitória por 3 a 0 contra a Rússia na sexta (23), a entrada do volante Fernandinho para reforçar a marcação, remete aos fantasmas de 2014.

Lá, também sem um lesionado Neymar, o técnico Luiz Felipe Scolari resolveu deixar a defesa desguarnecida e escalou Bernard para a vaga da estrela do time. Atacante, então com 21 anos, conheceu o oblívio após o desastre.

Na confortável posição de quem venceu o duelo do Mineirão em 2014, o técnico Joachim Löw esnobou a situação. “Foi um bom jogo, mas só um passo rumo à final [contra a Argentina]”, disse.

“Claro, para o Brasil é outra coisa, talvez haja um sentimento de revanche, mas também não dá para voltar no tempo”, afirmou Löw.

Já Tite diz que o 7 a 1 “te traz um componente que é inegável”. “O sentimento de frustração é normal.”

Ele irá comandar a seleção pela 18ª vez nesta terça, contra nada menos que 160 jogos de Löw, à frente da Alemanha há quase 12 anos.

Com vitória ou empate, o alemão completará uma série de 23 jogos invictos do selecionado, quebrando um recorde mantido de 1978 a 1980.

Löw pode estar só escondendo o jogo, mas a escalação de seu time mostra ao menos bastante confiança. Apenas dois egressos da semifinal, Boateng e Khedira, deverão jogar nesta terça.

“Foi um trauma para o Brasil, mas não é grande coisa” para o time hoje, disse o zagueiro Boateng.

Com efeito, o tema não pauta a imprensa local ou faz parte de qualquer ação publicitária do amistoso.

O slogan da equipe alemã é “The Best Never Rest” (os melhores não descansam, em inglês mesmo), com o algarismo romano V destacado no v em “never”, aludindo à busca pelo pentacampeonato.

“Quando acabou o jogo [no Mineirão], não foi pena que sentimos, mas foi muito emocional. Se fosse na Alemanha, seria a mesma coisa”, completou o zagueiro.

A Alemanha não terá algumas de suas estrelas mais experientes, como Özil e Müller, dispensados para descansar após o empate com a Espanha na sexta (23), e Kroos, que deve ficar no banco.

Mesmo sem eles e Neymar, principal jogador brasileiro, afastado para recuperar-se de uma fratura no dedo do pé direito, a expectativa é de que o Estádio Olímpico, com capacidade de quase 75 mil torcedores, esteja lotado.

“É uma pena que Neymar não vá jogar, porque ele está mais estável, volta para defender, e isso é trabalho do treinador”, disse Löw, que fez vários elogios a Tite. Para ele, o Brasil é mais forte hoje do que em 2014.

Do time do 7 a 1, Marcelo, Paulinho, Willian e Fernandinho estavam em campo e jogarão nesta terça.

Volante do Manchester City, Fernandinho entrará numa posição intermediária à frente dos dois zagueiros, para tentar melhorar a marcação e também elevar a qualidade do passe para o ataque.

Com isso, Philippe Coutinho, que havia entrado contra a Rússia mais centralizado, será deslocado para a ponta com Willian. Douglas Costa, que teve atuação apagada contra os russos, sai do time titular.

“O Fernandinho tem uma origem como articulador e jogou assim no City no ano passado”, disse Tite, demonstrando interesse no jogador não como o “ritmista” que ele diz faltar ao time, mas alguém para dar mais velocidade à saída de bola.

Renato Augusto seguirá na reserva, confirmando uma posição que parece estar se cristalizando para a Copa –desde o começo da era Tite, o jogador era parte central do esquema tático da seleção.
Mesmo nos testes pontuais a serem feitos nas substituições há alguma expectativa.

“Ederson está crescendo, e traz pressão sobre o Alisson, o que é ótimo. Fernandinho vai competir com o Paulinho, que compete com o Casemiro, que compete com Coutinho. Willian também”, disse Tite -este é o último jogo antes da convocação para o Mundial da Rússia.

Com a entrada de Fernandinho, o jogo verá um embate entre vários jogadores do Manchester City, líder do Campeonato Inglês e um dos times mais badalados do mundo, comandando por Pep Guardiola, técnico a quem Tite consultou sobre o papel do volante.

Jogarão pela seleção brasileira Fernandinho e Gabriel Jesus; do lado alemão, Gündogan e Sané.

BRASIL

Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda, Marcelo; Casemiro, Fernandinho, Paulinho, Willian, Philippe Coutinho; Gabriel Jesus. T.: Tite

ALEMANHA

Ter Stegen (Trapp no segundo tempo), Rüdiger, Boateng, Ginter; Kimmich, Gündogan, Khedira (Goretzka), Plattenhardt; Stindl, Werner, Sané. T.: Joachim Low

Estádio: Olímpico, em Berlim (Alemanha)

Horário: 15h45 desta terça-feira

Juiz: Jonas Eriksson (SUE)


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