07 de agosto de 2024
Inovação • atualizado em 07/08/2024 às 17:28

Com investimentos de R$ 20 mi, Governo de Goiás lança Programa de Remineralizadores

A iniciativa pioneira no país busca unir esforços públicos e privados para a implementação de práticas sustentáveis na mineração e na agricultura
Remineralizador busca equilíbrio entre fertilidade e conservação do solo, fornecendo produtividade sustentável. Foto: Tratto Agro
Remineralizador busca equilíbrio entre fertilidade e conservação do solo, fornecendo produtividade sustentável. Foto: Tratto Agro

O Governo de Goiás lançou um projeto pioneiro que busca unir esforços públicos e privados para a implementação de práticas sustentáveis na mineração e na agricultura goianos. O Programa Goiano de Remineralizadores (PROREM-GO), iniciativa da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), com o apoio da Tratto Agro, será oficialmente lançado na próxima segunda-feira (12), no auditório da Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O projeto conta com investimentos de cerca de R$ 20 milhões até 2025, oriundos do Tesouro Estadual. Além isso, o programa contará ainda com a parceria com a Tratto Agro, primeira empresa do país a registrar um remineralizador no Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), e diversos outros parceiros institucionais.

Viabilizado pela SIC, o programa busca responder à crescente demanda do agronegócio e da agricultura familiar por novos insumos agrícolas alternativos, com destaque para os remineralizadores de solo. “Esses materiais, considerados multi-nutrientes, desempenham um papel vital na promoção da agricultura regenerativa e na preservação da segurança alimentar”, sublinha o titular da SIC, Joel de Sant’Anna Braga Filho.

Conforme Joel, o projeto visa ainda reduzir o impacto no meio ambiente. “Essa proposta reafirma o compromisso do Estado de Goiás com o desenvolvimento de soluções nacionais e regionais para reduzir o impacto ambiental e aumentar a eficiência e sustentabilidade do setor agrícola”, ressalta o secretário.

Os remineralizadores de solos e fertilizantes silicatados não só contribuem para a sustentabilidade econômica e ambiental, mas também possuem um potencial significativo para melhorar a eficiência agronômica e a sustentabilidade socioambiental da produção agrícola. Reconhecido como o maior importador mundial de fertilizantes, o Brasil está na vanguarda da inovação na cadeia produtiva desse tipo de produto, tendo participação de 24% no mercado nacional e sendo pioneiro no registro desses produtos junto ao Mapa.

O projeto

De acordo com a coordenadora do PROREM-GO, Lívia Parreira, as ações da iniciativa incluem a análise das áreas de produção mineral e os tipos de resíduos gerados, o diagnóstico e mapeamento de laboratórios aptos para a caracterização mineralógica e estudos tecnológicos, além da validação da eficiência agronômica para registro no Mapa.

“Também são previstos estudos voltados para o sequestro de carbono, biointemperismo e monitoramento climático com o uso de remineralizadores, além de capacitação contínua e apoio a programas de pós-graduação”, explica ela. “Vale ressaltar que Goiás já possui nove produtos registrados no Mapa e a proposta inicial inclui a avaliação de 65 potenciais produtos que poderão atender a todas as regiões goianas.”

Pioneirismo

Goiás também se destaca como o primeiro estado brasileiro a ter registrado no Mapa o remineralizador de solos para uso na agricultura. O pó de rocha foco da pesquisa pioneira foi o Fino de Micaxisto (FMX), da empresa goiana Tratto Agro. “Na época, meu sócio notou o local onde o pó de rocha estava sendo estocado começou a nascer vegetação em volta, o que nos impressionou. Até então, esse pó de rocha não era comercializado”, relembra o CEO da empresa, Daniel Antunes.

Ele acrescenta que a empresa decidiu procurar a Embrapa Cerrados, que veio verificar o produto de perto. “Decidimos realizar uma análise, e os resultados mostraram que o pó continha potássio e micronutrientes, além de estar livre de contaminantes”, conta o CEO.

Daniel diz ainda que foi iniciado um trabalho com a Embrapa, que foi concluído entre 2015 e 2016. “Foi nesse período que registramos o produto no Mapa. Na verdade, fomos os primeiros no Brasil a obter esse registro, tanto que a normativa criada pelo ministério se baseou em nosso estudo”, pontua.

O professor Éder Martins, da Embrapa, foi o responsável pela pesquisa. Segundo ele, o papel da pesquisa é fundamental no desenvolvimento dos remineralizadores de solos. “As edições do Congresso Brasileiro de Rochagem foram a base para a definição do conceito de remineralizador de solos e de sua regulamentação pela Lei 12.890/2013 e as Instruções Normativas 05 e 06 de 2016 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. A partir da regulamentação, os dois primeiros produtos foram registrados como resultado das pesquisas desenvolvidas na Embrapa Cerrados e na Universidade de Brasília (UnB)”, lembra Éder.

Ele acrescenta ainda que, em seguida, a Universidade Federal de Goiás (UFG), o Instituto Federal Goiano (IFG), a Universidade Estadual de Goiás (UEG), a Universidade Federal de Jataí (UFJ), a Universidade Federal de Catalão (UFCAT), entre outras, passaram a desenvolver pesquisas sistemáticas sobre estes insumos. “O PROREM-GO tem um grande potencial de fortalecer uma rede de pesquisa com todas estas instituições e em conjunto com o governo e a iniciativa privada”, diz.


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