14 de outubro de 2024
Cidades • atualizado em 23/08/2020 às 12:42

“Com humildade”, Arquidiocese de Goiânia aceita e se coloca à disposição para apurar denúncias em investigação

TJGO determinou nova suspensão. (Foto: Arquidiocese)
TJGO determinou nova suspensão. (Foto: Arquidiocese)

Surpresos com a investigação do Ministério Público em torno da Associação Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe), porém humildes. Dessa forma a Arquidiocese de Goiânia recebeu a notícia de uma suposta movimentação irregular de aproximadamente R$ 120 milhões de reais que poderiam ter sido desviados de fiéis. A entidade que representa a Igreja Católica na capital goianiense publicou uma carta aos fiéis na última sexta-feira (23/08).

Em carta conjunta assinada pela Arquidiocese e a Congregação dos Redentoristas de Goiânia afirmam que respeitam as decisões e atos praticados “pela autoridade jurídica do Estado de Goiás” e se colocam à disposição das devidas autoridades para “apurar, com transparência, quaisquer denúncias em desfavor de seus membros”. O documento ressalta que o Padre Robson de Oliveira “pediu afastamento de suas funções no Santuário Basílica do Divino Pai Eterno e na Afipe e que as funções do redentorista “serão assumidas interinamente pelo Pe. André Ricardo de Melo”, pontuou.

A carta termina dizendo que a entidade confia “no trabalho evangelizador de cada um de seus sacerdotes” e que deseja o esclarecimento de todos os fatos.

Relembre

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) aponta que um grupo liderado pelo padre Robson de Oliveira Pereira, presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), teria movimentado cerca de R$ 120 milhões de forma suspeita. A movimentação ligada a transações imobiliárias é citada no pedido do MP-GO à juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais.

Conforme a investigação, valores arrecadados de fiéis, majoritariamente para a construção da nova Basílica Santuário do Divino Pai Eterno, foram utilizados em benefício próprio e de terceiros. O MP-GO afirma que o imóveis vinculados às associações também eram usados pelo padre e terceiros.

Para o MP-GO, o padre “criou várias associações com a mesma finalidade, endereço e nome, e com inovações e alterações estatutárias que gradativamente lhe deram poder absoluto sobre todo o patrimônio das Afipes”.

Afipe se converteu em empresa

Conforme o promotor Sebastião Marcos Martins, quando o MP-GO recebeu a investigação sobre a extorsão, “se deparou com uma grande teia de movimentação financeira, de valores altíssimos, com propriedades de valor elevado, que mereceriam análise mais aprofundada”.

O MP-GO afirmou que a Afipe se tornou “uma grande empresa”. “Ela tem argumento religioso, mas se converteu numa grande empresa, que explora agropecuária, venda de imóveis”, disse o promotor. “As contas bancárias foram usadas para comprar fazendas, residências em condomínios fechados em Goiânia, em São Paulo”, completou.

Ele citou ainda que “muitas pessoas que orbitam em volta das Afipes começaram a apresentar uma valorização patrimonial muito grande”.

Martins ponderou que ainda é cedo para imputar a prática de qualquer crime ao Padre Robson e aos outros investigados. “Precisamos analisar a documentação. Apreendemos muitos documentos, pen drives e HDs”, informou. “Tentaremos analisar a origem desse dinheiro. Existem alguns repasses que identificamos, que não estão devidamente esclarecidos. Alguns valores, algumas citações de empréstimos que precisamos entender”, explicou.




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