23 de dezembro de 2024
Entretenimento • atualizado em 13/02/2020 às 09:43

Com guitarrista inspirado, The Who faz show memorável no Rock in Rio

“Mantenha a calma, aí vem o The Who”, dizia o letreiro no telão ao fundo do palco Mundo quando o vocalista Roger Daltrey, 73, e o guitarrista Peter Townshend, 72, entraram em cena para o show mais aguardado deste sábado (23) no Rock in Rio.

Melhor seria ter dito o oposto: podem se descontrolar, finalmente o The Who está no Rio. E, mesmo longe do auge da juventude (o que foi tema de várias piadas de Townshend), os ingleses mostraram que ainda conseguem fazer um show de rock memorável, com energia e força.

“Fuck, fuck, fuck, Rock in fucking Rio”, saudou Townshend logo no início, na primeira das muitas intervenções que faria ao longo das quase duas horas de show. Já de cara a banda atacou com “I Can’t Explain”, “Substitute” e “Who Are You”, mostrando energia e força.

Na sequência, alternariam canções menos conhecidas do público em geral (“I Can See for Miles”, “I’m One”) com outras que foram cantados em coro -especialmente a balada “Behind Blue Eyes” e, mais ao final, “Baba O’Rilley”.

Daltrey errou algumas letras (como a de “Substitute”) e também teve problemas de som -sua voz foi soterrada pela banda em “Who Are You”, por exemplo-, mas nada que tenha prejudicado a apresentação, na média. Apesar de não ter esbanjado simpatia, mostrou que ainda conserva grande potência na garganta, especialmente em canções como “Love, Reign O’er Me”.

Townshend, por outro lado, estava falante e simpático, além de inspirado com a guitarra. Mesmo para uma banda com décadas de estrada, um show para 100 mil pessoas não é ordinário, e isso transparecia na empolgação do guitarrista, que agradeceu ao público repetidas vezes, saudou o Guns n’ Roses -que se apresentaria após eles- e fez inúmeras referências à senioridade.

“Alguns de vocês não eram nem nascidos quando essa canção foi escrita”, disse ele, introduzindo “My Generation” -que deu chance para Pino Palladino mostrar serviço no baixo.

Mais tarde, antes da trinca de canções saídas do “Quadrophenia” (“5:15”, “I’m One” e “Love, Reign O’er Me”), Townshend voltaria ao tema. “Não é justo que eu possa fazer dança de velho aqui em cima e vocês não possam dançar aí embaixo, porque estão muito apertados”, disse o guitarrista. “Mas posso dançar para vocês e vocês dirão ‘ele dança como meu pai’.”

O ápice do show foi a sequência final, iniciada com quatro canções do disco mais popular do Who, o da ópera-rock “Tommy”: “Amazing Journey”, “Sparks”, “Pinball Wizard” e “See me, Feel me” mostraram não apenas o talento dos ingleses para compor, mas seu pleno domínio do palco.

Daltrey e Townshend movimentam-se, fazem caras e bocas, giram -um, o microfone; o outro, o braço que desce pesado nas cordas da guitarra-, saltam e gesticulam, interpretando de fato as canções.

Ainda bem que eles não morreram antes de ficarem velhos, porque mesmo septuagenários e sem o fôlego da juventude, os fundadores do The Who ainda conseguem entreter uma plateia e mostrar por que estão eternizados na história do rock – e, agora, na do Rock in Rio. (Folhapress)

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