ALEX SABINO E LUIZ COSENZO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A eficiência tática da equipe de Fabio Carille vai encontrar o time mais rico do Brasil na final do Campeonato Paulista. Com a vitória por 5 a 4 nos pênaltis nesta quarta (28), o Corinthians chegou à final do Estadual. Será a primeira decisão do torneio contra o Palmeiras desde 1999. No tempo normal, o clube de Parque São Jorge ganhou por 1 a 0 graças a uma cabeçada salvadora de Rodriguinho aos 47 min do segundo tempo.
O primeiro jogo da decisão será neste sábado (31), também no Itaquerão.
O resultado contra o São Paulo representou uma virada para o Corinthians e revanche para Carille. Após a derrota na primeira semifinal, no Morumbi, ele foi ironizado pela reclamação de que o uruguaio Diego Aguirre, técnico adversário, não o havia cumprimentado.
Ao final da partida, o telão do estádio mostrou imagem da silhueta de Carille e a mensagem “respeita o professor”.
Para Corinthians e Palmeiras, o Estadual não é o torneio mais importante do ano. As duas equipes estão na Copa Libertadores e sonham com a volta ao Mundial.
Mas é o encontro dos dois últimos campeões brasileiros, ambos com estádios inaugurados há cerca de quatro anos. Representam a mais acirrada rivalidade do futebol paulista.
O Corinthians passou à final com a força de sua camisa. A equipe não foi bem nas duas partidas e foi anulada na maioria do tempo pelo sistema de marcação de Diego Aguirre. Foi assim que perdeu no Morumbi. Quando precisou do resultado em casa, sofreu para criar chances de gol e com a falta de criatividade.
Carille arriscou na escalação e colocou Rodriguinho em campo. O meia não havia atuado no domingo por ter sentido contusão na coxa direita. Jadson, opção para a meia, também está lesionado e não entrou em campo nas semifinais. Foi o armador que estava longe dos 100% de condições físicas quem levou a semifinal para os pênaltis.
Na última vez Corinthians e Palmeiras decidiram o Estadual, a partida foi interrompida antes do fim por causa de briga entre os jogadores após o atacante Edílson, do Corinthians, ter feito embaixadinhas para zombar do rival. O lance entrou para a história não só da rivalidade entre as equipes, mas do futebol brasileiro. O Corinthians foi campeão.
O Paulista tem sido mais motivo de felicidade para o Corinthians do que para o Palmeiras neste século. O clube de Parque São Jorge foi campeão cinco vezes (2001, 2003, 2009, 2013 e 2017). O seu adversário na decisão levantou o troféu em 2008.
Dentro de campo, os dois times brigam pela hegemonia em condição de equilíbrio. Fora deste, nem tanto. Turbinado pelo patrocínio da Crefisa e as rendas do Allianz Parque, o Palmeiras tem os recursos para investir no futebol que faltam ao Corinthians. A empresa já investiu cerca de R$ 130 milhões em jogadores. O Corinthians encontra restrições orçamentárias pela necessidade de pagar o Itaquerão, construído pela Odebrecht para a Copa de 2014. Carille gostaria de uma reposição para a venda do atacante Jô, mas ainda não conseguiu.
Recebeu Junior Dutra, que o próprio treinador reconhece não ser um centroavante de ofício e que não foi escalado na segunda partida da semifinal. Quem entrou foi Emerson Sheik, 39, que cada vez mais se torna jogador de confiança do técnico para momentos difíceis.
As respostas têm saído da organização tática que Fabio Carille montou e a capacidade de extrair o melhor de cada jogador, mesmo quando não estão 100%.
Não que escape dos riscos e até das superstições. Foi por isso que colocou em campo Danilo, 38, nos minutos finais. O meia ainda não encontrou ritmo de fratura tíbia e fíbula da perna direita que o afastou do futebol por 14 meses. Ele bateu o sexto pênalti. E fez.
“Eu não mudo a forma da equipe jogar”, disse o treinador à Folha de S. Paulo há duas semanas.
E foi com o mesmo 4-1-4-1 que deu ao time o título Brasileiro que o Corinthians achou o gol salvador contra o São Paulo e vai decidir o Paulista contra seu maior rival após 19 anos.
CORINTHIANS
Cássio; Fagner, Pedro Henrique, Henrique, Sidcley; Gabriel (Pedrinho), Maycon, Mateus Vital, Rodriguinho; Emerson Sheik (Danilo), Clayson. T.: Fábio Carille
SÃO PAULO
Sidão; Militão, Arboleda, Bruno Alves, Reinaldo; Jucilei, Petros, Liziero, Nenê (Lucas Fernandes); Marcos Guilherme (Caique), Tréllez (Diego Souza). T.: Diego Aguirre
Estádio: Itaquerão, em São Paulo
Juiz: Vinicius Gonçalves Dias Araújo
Público: 43.062 pagantes (total: 43.367)
Renda: R$ 2.603.440,11
Cartões amarelos: Rodriguinho, Fagner, Henrique e Caíque França (Corinthians); Reinaldo, Militão e Sidão (São Paulo)
Gol: Rodriguinho, aos 47min do segundo tempo
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