Na madrugada de 22 de outubro de 2017, o Corinthians comemorou em suas redes sociais o que chamou de “mais um título invicto da Copa Libertadores”.
Horas antes, o Audax/Corinthians, de Osasco, na Grande São Paulo, havia vencido o Colo-Colo, no Chile, e faturado a competição feminina.
Um ano depois, porém, a Conmebol não considera o time alvinegro campeão. A própria entidade confirmou a informação à reportagem.
“Para fins de inscrição das atletas e benefícios gerais garantidos pelo regulamento após a conquista, prevalece o clube Audax, detentor original da vaga”, disse a entidade em comunicado oficial.
A confederação sul-americana afirmou que, conforme o regulamento da competição, o time campeão de 2017 é o Audax/Corinthians, parceria formada entre os dois clubes que teve início em 2016.
Naquele ano, a equipe ainda não podia jogar com os dois nomes. A parceria, então, consistia em alternar, com um mesmo elenco, a camisa que era vestida: a do Corinthians no Paulista e no Brasileiro, e a do Audax na Copa do Brasil, competição que rendeu a vaga na Libertadores à equipe.
Só em 2017 a equipe foi autorizada a jogar como Audax/Corinthians, usando inclusive os dois escudos no uniforme.
Após a parceria ser desfeita, no fim de 2017, no sistema da Conmebol passou a constar como campeã da Libertadores a equipe de Osasco.
Tanto é que, neste ano, o time alvinegro não poderá defender o título. A vaga para o campeão ficou com o Audax, apesar de a maior parte das jogadoras e da comissão técnica estarem hoje no Corinthians.
O Santos, campeão brasileiro do ano passado, e o Iranduba, representante de Manaus (sede do torneio), completam a lista de representantes brasileiros no torneio de 2018.
O clube alvinegro chegou a propor para a Conmebol a realização da competição em São Paulo para que, dessa forma, pudesse ser convidado para o torneio como representante da sede, mas não conseguiu.
Quando o acordo começou, em 2016, a parceria era similar ao que acontece em times de vôlei ou de futsal, que associam o nome de um clube a uma marca, que, em geral, é também a patrocinadora.
Por contrato, toda a administração, bem como as responsabilidades pela equipe feminina eram do Audax. O acordo previa rateio de 50% das despesas ao fim de cada mês, porém tal compromisso nunca foi cumprido pelo clube do Parque São Jorge, segundo relataram à Folha de S.Paulo dirigentes do time de Osasco.
Procurado pela reportagem, o Corinthians não confirmou nem negou a informação. Afirmou apenas que respeita os termos de confidencialidade do contrato firmado com o antigo parceiro.
O prêmio pelo título, cerca de R$ 200 mil, foi entregue ao clube de Osasco e dividido com atletas e comissão técnica. Uma parte ainda ficou com o próprio clube, por conta da dívida corintiana.
O título da parceria está imortalizado na taça da Libertadores feminina, onde é possível ler em uma placa o nome do campeão de 2017: “Audax/Corinthians”. O símbolo do time de Osasco ao lado da inscrição, porém, reforça a interpretação da Conmebol de que o campeão que entrará para a história é o Audax. O time alvinegro tem uma réplica da taça em seu museu.
Apesar de não considerar o time do Parque São Jorge vencedor da Libertadores, a confederação reconhece que o clube pode se dizer parte integrante do título do Audax.
“Como parceiro oficial do Audax naquela oportunidade, inclusive com o nome do clube incluído na tabela, obviamente o Corinthians é parte da conquista, que foi corretamente celebrada pela sua torcida, podendo se considerar campeão, dentro do regime de parceria efetuada”, ponderou a confederação.
O time alvinegro, por sua vez, minimizou o fato.
“A diretoria de futebol feminino do Corinthians esclarece que de maneira nenhuma a inclusão do nome de um ou outro parceiro no sistema da Conmebol diminui o feito da conquista da Libertadores pela equipe do Corinthians/Audax, como explica a própria entidade”, disse o clube.
A edição de 2018 do torneio feminino começa neste domingo (18), em Manaus, e vai até 2 de dezembro. Doze clubes de dez países da América do Sul vão disputar o troféu. O Audax estreia na segunda-feira (19), às 20h, contra o Union Española, do Chile.
Nesse mesmo dia, a equipe deverá devolver a taça oficial para a Conmebol. O time já fez uma réplica e guardou em sua sede, em Osasco.
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