13 de novembro de 2024
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Com ex-atletas, Novorizontino mira Série B e tenta se firmar no futebol do Brasil

Desde que ingressou na principal divisão do Campeonato Paulista, em 2016, a equipe se classificou quatro vezes para a fase final. (Foto: Divulgação)
Desde que ingressou na principal divisão do Campeonato Paulista, em 2016, a equipe se classificou quatro vezes para a fase final. (Foto: Divulgação)

O Grêmio Novorizontino fez história na Série C do Campeonato Brasileiro. O clube do interior de São Paulo estabeleceu o melhor desempenho do novo formato da competição, implantado em 2012, ao terminar com 39 pontos em 18 jogos. Agora quer mais. A equipe sonha garantir o acesso e dar mais um passo para se recolocar em evidência no cenário nacional.

Ao longo dos anos, o clube de Novo Horizonte acumulou resultados importantes no Campeonato Paulista e, nesta temporada, conquistou o Troféu do Interior com muita propriedade. Antes disso, no começo do ano, já havia conseguido o acesso da Série D para a C. Por trás dos bons resultados, estão dois ex-jogadores: o presidente Genilson da Rocha Santos e o coordenador técnico Luís Carlos Goiano. Importante ressaltar que o Grêmio Esportivo Novorizontino, vice-campeão paulista em 1990, fechou as portas nove anos depois e não tem nenhuma relação com esse novo Novorizontino, fundado em março de 2010.

Desde que ingressou na principal divisão do Campeonato Paulista, em 2016, a equipe se classificou quatro vezes para a fase final. O rebaixamento nunca foi uma preocupação para o clube, já que sempre ficou pelo menos entre os 11 melhores do Estado. Apesar da sexta colocação no geral, o Novorizontino não teve a chance de brigar pelo título do Paulistão em 2021. Isso porque apenas os dois primeiros de cada grupo garantem vaga entre os oito melhores, e mesmo conquistando 19 pontos, a equipe ficou atrás de Palmeiras e Red Bull Bragantino no Grupo C.

Na Série C, a campanha do Novorizontino se destaca por um ataque forte e uma defesa sólida. Foram 24 gols marcados contra dez sofridos. O sucesso na parte defensiva vem da experiência dos zagueiros Édson Silva e Bruno Aguiar, ambos com passagens por grandes clubes de São Paulo. O próximo passo é ficar entre os dois melhores do quadrangular formado juntamente com Tombense, Ypiranga e Manaus e garantir vaga na Série B. A sequência de seis jogos começa no próximo domingo, fora de casa, contra o Manaus. Uma novidade anunciada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última terça é a de que a fase final terá presença de público. A quantidade de torcedores permitidos dependerá das regras estabelecidas pelas autoridades sanitárias locais.

Como explicar o sucesso do Novorizontino? O presidente Genilson da Rocha Santos traz as respostas. “Isso vem de planejamento, vem de trabalho, não é de qualquer forma que as coisas são feitas. E no futebol isso é uma realidade. Às vezes, se confunde que fazendo as coisas de qualquer maneira, o sucesso pode vir. Eu costumo dizer que, às vezes, uma partida pode ser ganha na sorte. Mas um campeonato, a regularidade de uma competição, só é possível em cima de planejamento, de equipe, de um grupo que entenda os objetivos e as metas do clube”, disse ao Estadão.

Genilson confirmou que a grande maioria do plano traçado ainda em 2010, na fundação da equipe, foi alcançado. “É claro que nós temos ambições, objetivos, e isso não pode ser diferente. Dentro daquelas propostas iniciais, que eram ganhar o Estado, fazer uma equipe forte no Estado de São Paulo, e passo a passo ir buscando espaço no cenário brasileiro, isso vem acontecendo”, explica.

Para um time como o Novorizontino, localizado em uma cidade a pouco mais de duas horas de distância da capital São Paulo, pode ser difícil encontrar o investimento necessário para transformar as ambições em realidade. No entanto, a gestão praticada pelo clube é responsável e consciente das necessidades de uma equipe de futebol. “A cada passo dado, cada conquista, é necessário se crescer de forma conjunta. Não posso ter uma Ferrari e o motorista somente saber pilotar um Fusca”, brinca Genilson.

“Então, é necessário qualificação, uma preparação, a equipe precisa evoluir juntamente com sua estrutura. Ao longo dos anos, nós procuramos sempre investir em campos, departamentos, equipamentos e qualificação dos profissionais. Tudo isso faz com que a equipe vá se solidificando. É claro que existem os patrocínios, a receita advinda da federação. No futuro, a gente almeja ter essa melhora, com ajuda da CBF. Tudo isso vai permitindo que o trabalho possa crescer da maneira mais conjunta possível”, disse.

O principal objetivo do Novorizontino para o futuro, além do acesso à Série B, é oferecer melhores condições para os torcedores e jogadores. Isso inclui fazer melhorias no Estádio Jorjão, com capacidade para 16 mil lugares, e garantir um Centro de Treinamento e acomodações mais sofisticadas aos atletas. A preocupação com quem se entrega dentro de campo em busca do resultado é o principal fator que leva os jogadores a vestirem a camisa do clube.

Édson Silva, zagueiro veterano de 36 anos, é um exemplo disso. Ele, que já atuou por várias equipes durante a carreira, incluindo Corinthians e São Paulo, conta que, há dois anos, ficou feliz em saber do interesse do Novorizontino em seu futebol, pois sempre ouviu coisas boas do clube, principalmente as boas campanhas no Paulistão. Junto com Bruno Aguiar, formam a melhor defesa da Série C. O segredo das boas performances está no trabalho, segundo Édson. “A gente fica muito feliz de estar sendo reconhecido, principalmente pelo bom trabalho que a gente vem fazendo. O segredo é o trabalho no dia a dia, a união da equipe, o trabalho com a comissão técnica, com todo o clube e estafe”, afirma.

Fazendo uma rápida comparação, o zagueiro explicou qual o diferencial do Novorizontino em relação aos outros clubes de sua carreira. “Já passei por várias equipes, bastante experiência. O que o Novorizontino tem de bom é dar todas as condições para todos os atletas realizarem o melhor futebol. Não que todos os clubes não deram na minha carreira. Alguns clubes deixaram a desejar, e outros fizeram por onde. Eu creio que o Novorizontino está entre esses que fizeram por onde, e existem vários outros motivos que contribuem para a gente realizar um bom trabalho. O clube em si só tem a ganhar com isso, o respeito que tem pelo atleta”, disse. Pagar em dia é um desses diferenciais.

COMANDANTE – O condutor da máquina chamada Novorizontino é Léo Condé, técnico com ampla experiência no futebol brasileiro. Foi ele o nome à frente do Sampaio Corrêa que terminou a última Série B na 6ª colocação, quatro pontos atrás do Cuiabá, que hoje disputa a elite. No meio deste ano, após os grandes resultados que obteve com a equipe paulista, recebeu interesse de vários clubes da segunda divisão brasileira. Os rivais de Campinas, Guarani e Ponte Preta, se movimentaram para tirar o treinador de Novo Horizonte. No entanto, Condé resolveu permanecer.

“Uma série de situações me fizeram tomar essa decisão. A principal é a estrutura do clube, a questão do clube realmente mostrar interesse em manter uma base, formar uma equipe forte para brigar pelo acesso. A gente, como profissional do futebol, vai procurando esses clubes que são organizados, aqui a gente tem tranquilidade para trabalhar, os salários são pagos em dia. Hoje, isso é raro no futebol brasileiro, infelizmente”, lamenta.

Ele também destaca o ambiente do clube e da cidade. “E o ambiente é muito positivo, tanto em relação aos atletas, comissão técnica, diretoria, a sinergia é muito boa. Então, tudo isso fez com que eu optasse por continuar, eu tinha convicção de que poderíamos fazer mais uma boa competição”, afirmou. Há mais de sete meses no comando do Novorizontino, o técnico acredita que já conseguiu passar suas ideias para o grupo. “Sim, a gente já tinha uma base da equipe que vem jogando junto a um bom tempo, mas é claro que durante esses meses, a gente vai colocando nossas ideias de jogo, daquilo que a gente gosta”.

Após o Paulista, a equipe sofreu com a lesão de jogadores titulares, como Genison, Murilo Rangel e Robson. Apesar disso, Condé conseguiu encontrar alternativas e manteve o padrão apresentado no início da temporada. Para o treinador, a equipe ainda tem margem para crescer, e a oportunidade de comprovar isso é no quadrangular final da Série C. “São seis jogos, três em casa, três fora, onde o ganhar e o perder estão muito próximos. A gente acredita muito em ser uma equipe competitiva e brigar por esse acesso”, disse. Um time da Série B passa a ganhar mais em cotas da CBF e também da TV, por exemplo.

No Brasil, as chances de um técnico poder desenvolver um trabalho por um longo período são escassas. Quando chegou a Novo Horizonte, Léo Condé tinha apenas o Campeonato Paulista pela frente, uma competição que pode consagrar como derrubar técnicos Mesmo não se classificando para a fase final, a diretoria acreditou que ele era o nome certo para dar sequência ao projeto “O Paulista é sempre uma aposta, é um torneio muito curto. Eu falo que tudo pode acontecer no Paulista. Agora na Série C, já tinha uma convicção maior de a gente fazer uma boa competição, porque era um trabalho a longo prazo. Normalmente, consigo realizar bem esses trabalhos quando a competição é mais extensa, meu histórico é de bons trabalhos.”

Nos próximos anos, o Novorizontino pode se tornar um dos principais clubes do Brasil. Não por acaso, a equipe vem evoluindo a cada temporada e sobe degraus cada vez mais altos. Os resultados em campo são determinantes para o sucesso do projeto. “De qualquer forma, vindo o acesso ou não, no ano que vem o clube tem um calendário interessante. Paulista de novo, conseguimos vaga na Copa do Brasil via Troféu do Interior, Brasileiro no segundo semestre. Então, existe uma grande chance desse projeto ser vitorioso, não só pela minha passagem, mas por tudo que o clube vem desenvolvendo, as boas escolhas da diretoria em relação aos profissionais, aos atletas. O Novorizontino tem muito a evoluir e crescer dentro do futebol brasileiro”, acredita Condé.

Por Rafael Sant’Ana Ferreira, especial para a AE – Estadão Conteúdo

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