Campeã invicta da Divisão de Acesso 2025, a Anapolina não apenas garantiu o retorno à elite do futebol goiano , onde não atuava desde 2020, como também vive um momento de reconstrução. A Xata aposta em um projeto de longo prazo, conforme destacou o proprietário da SAF, Fernando Aguiar, em entrevista para a PUC TV Esportes.
O cenário atual é fruto de uma virada que começou fora das quatro linhas. Fernando Aguiar relembrou que, antes de assumir a gestão da equipe de Anápolis, chegou a se afastar do futebol profissional após uma passagem pelo Bahia, marcada por atrasos salariais. A decisão o levou a seguir carreira na iniciativa privada, embora nunca tenha deixado de acompanhar o esporte de perto.
O retorno ao ambiente do futebol aconteceu em 2024, a convite do amigo Michel Rorizo, de Anápolis, para conhecer um grupo de jovens empresários e torcedores dispostos a assumir a Anapolina, então mergulhada em crise. “A Anapolina estava um caos”, relembrou.
Inicialmente, Fernando contribuiu apenas com orientações e apoio pontual, mas logo percebeu que, para o projeto dar certo, seria necessário um compromisso mais profundo. “Eu só entro realmente, porque sei quanto é custoso o futebol, não só financeiramente, mas também de dedicação, se transformar em SAF. Se não transformar em SAF, eu não sigo nesse projeto”.
Durante a entrevista, o dirigente também abordou o movimento que ocorre nos bastidores da CBF para a criação da Série E do Campeonato Brasileiro, uma nova divisão nacional abaixo da Série D. A ideia é estudada há anos e conta com o interesse de diversos clubes. Fernando deixou claro que a Anapolina está pronta para participar, caso a competição seja confirmada.
“Existe a movimentação da Série E, que tem que ser bem feita. Se for ano que vem, acredito que a Anapolina deva disputar. Hoje, o oitavo colocado da Primeira Divisão pode ir para a Série D. Acho que o campeão da Divisão de Acesso também precisa ter essa oportunidade”.
Aporte milionário e estrutura renovada
Desde que se tornou SAF, a Anapolina recebeu um aporte de R$ 4 milhões, segundo Fernando Aguiar. Os recursos foram utilizados tanto no futebol profissional quanto na reestruturação do clube, incluindo pagamento de dívidas trabalhistas e tributárias, recuperação do centro de treinamento e melhorias na estrutura.
“A gente já aportou 4 milhões pela SAF, em termos de elenco, campeonatos que não são baratos e pagamento de dívidas da Anapolina. Hoje, posso dizer a vocês, nunca atrasamos um dia a folha de pagamento do clube. Inclusive, pagamos antes da data. Isso já há quase dois anos”.
Fernando também mencionou a situação crítica que encontrou ao assumir o clube, como problemas judiciais, dívidas acumuladas que ultrapassam R$ 12 milhões e até contas de energia não pagas. Segundo ele, 90% das dívidas são trabalhistas, 8% tributárias e apenas 2% com fornecedores.
Centro de treinamento modelo
Além dos resultados em campo, a Anapolina vive um processo intenso de modernização de sua infraestrutura sob comando da SAF. Orgulhoso das melhorias realizadas, Fernando Aguiar destaca que o centro de treinamento, antes deteriorado, agora oferece condições comparáveis às de grandes clubes do estado.
“Hoje, temos um centro de treinamento a nível dos maiores clubes de Goiás.Estamos terminando os alojamentos e vamos inaugurar um clube para sócio torcedor no nosso terreno”.
Continuidade no comando técnico
A campanha que garantiu o retorno da Anapolina à elite goiana foi marcada não apenas pelas vitórias, mas por uma defesa sólida. O desempenho na reta final reforçou a confiança da SAF no trabalho da comissão técnica, como destaca o proprietário Fernando Aguiar ao comentar a renovação com o treinador responsável pela conquista.
“Encerramos a competição invictos e sem sofrer gols nos últimos seis jogos. Essa solidez defensiva foi um dos pontos fortes da nossa campanha. Por isso, já garanti a renovação com o Flávio, que seguirá como nosso treinador para a disputa da primeira divisão do Campeonato Goiano.”

