23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:32

Com 467 mil doses a vencer, governo amplia indicação da vacina contra HPV

Com baixas coberturas de vacinação contra o HPV e proximidade do vencimento de cerca de 467 mil doses, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (20) uma nova ampliação no público-alvo para o qual a vacina é indicada.

A partir deste mês, a vacina passa a ser ofertada também para meninos de 11 a 14 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias), meninas de 15 anos que já tenham tomado a primeira dose, além de pacientes transplantados e oncológicos na faixa etária de 9 a 26 anos e que estejam em uso de quimioterapia e radioterapia.

A extensão da oferta da vacina para meninos de 11 e 14 anos havia sido adiantada pelo jornal “Folha de S.Paulo” na última semana. Até então, a proteção era indicada para meninos de 12 e 13 anos, meninas de 9 a 14 anos e pessoas de 9 a 26 anos com HIV e Aids.

A ampliação do público-alvo ocorre diante das baixas coberturas da vacinação, o que tem gerado risco de perda de algumas doses já distribuídas aos Estados.

Dados do ministério apontam que há 467 mil doses a vencer até o fim deste ano. Destas, 2.100 vencem no fim deste mês, 231 mil em agosto e 233,7 mil em setembro.

Outras 1,1 milhão de doses, com vencimento previsto para o 1º semestre de 2018, também correm o risco de ir para o lixo caso não sejam utilizadas até essa data.

Em geral, as doses da vacina contra o HPV têm validade de três anos. Desde 2014, quando a vacina contra o HPV foi incorporada ao SUS, já foram distribuídas aos Estados 26,4 milhões de doses.

Preocupação

A situação tem gerado preocupação do governo e de especialistas. Para a coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Carla Domingues, apesar do risco de perda de vacinas já ser esperado, há necessidade de ampliar a cobertura.

Em geral, o ministério trabalha com a possibilidade de perda de 5% das doses nos programas de vacinação devido a questões logísticas e operacionais, por exemplo. “Mas não estamos satisfeitos com essa perda”, afirma a coordenadora.

Para tentar resolver o problema, além de ampliar o público-alvo ao qual a vacina é indicada, a pasta anunciou que irá lançar uma campanha publicitária em julho para tentar incentivar a vacinação, disponível nos postos de saúde durante todo o ano. O governo também pretende retomar a parceria com as escolas para ofertar as doses -a pasta, porém, não tem informações de quantas já aderiram.

A vacina também deve fazer parte da campanha nacional de multivacinação, voltada à atualização da caderneta vacinal de crianças e adolescentes de até 15 anos, e prevista para ocorrer em todo o país entre os dias 11 a 22 de setembro.

Só neste ano, por exemplo, a meta é vacinar até o fim de dezembro 80% dos 7,1 milhões de meninos de 11 a 15 anos incompletos e 4,3 milhões de meninas de 9 a 15 anos.

Dados da cobertura vacinal, porém, mostram o tamanho do desafio. Desde 2014, 72,4% das meninas de 9 a 15 anos receberam a primeira dose contra o HPV, enquanto apenas 45,1% receberam tanto a primeira quanto a segunda.

Já entre meninos de 12 a 13 anos, a taxa de cobertura da primeira dose é de 16,5%. Para estes, porém, a vacina passou a ser ofertada apenas neste ano.

“Toda vacinação na faixa etária de adolescente é baixa, porque ele não se sente na obrigação de cuidar da saúde e não procura uma unidade de saúde”, afirma o ministro.

Baixa adesão

Segundo Domingues, a baixa adesão dos adolescentes à vacinação também é registrada em outros países. Ela elenca dois fatores principais: a falta de parceria com as escolas na oferta da segunda dose, o que reduziu os índices de cobertura no país, e informações falsas sobre a segurança da vacina disseminadas na internet.

“Quando se começa a discutir mitos em relação à vacina sem nenhuma evidência de que possa trazer riscos à saúde, começa a fazer com que pais duvidem da qualidade da vacina. Mas temos dados suficientes para demonstrar que países que estão vacinando têm redução de até 88% na infecção por HPV entre os vacinados. Temos demonstração científica de que a vacina é segura”, afirma.

Ainda de acordo com Domingues, quanto mais cedo a vacina for aplicada, antes do início da vida sexual, maior a eficácia -uma vez que há menos chances de haver tido contato com o vírus HPV. A vacina previne contra câncer de colo de útero, vulva, pênis, ânus, verrugas genitais, boca e orofaringe.

Já para pacientes com HIV e Aids e oncológicos, por exemplo, a vacina é indicada devido ao maior risco desse grupo, com baixa imunidade, de desenvolver infecções pelo vírus. (Folhapress)

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