A sequência dos fatos das últimas horas tem um ponto crítico (ou ponto da virada, como se diz no cinema): O momento que o presidente do PSD, Vilmar Rocha, comunicou a Henrique Meirelles que o partido não tinha mais interesse na candidatura do secretário da Fazenda para senador por Goiás. Depois de passar meses e meses dizendo que esta era a prioridade, agora a ideia é diferente.
Fontes consultadas pelo blog confirmaram que Rocha justificou que o tempo do anúncio da candidatura com a confirmação da desincompatibilização do cargo de Meirelles no governo paulista havia acabado. Na prática, o partido cansou de esperar. Ele reagiu à reclamação de pré-candidato de que não recebeu sinais de participação no fundo partidário para a organização da campanha.
O PSD recebeu promessas de Meirelles de que a desincompatibilização seria feita no começo de 2022 e esperou, mas não aconteceu. O partido observou, ainda, que a estrutura de campanha não foi implantada. Este é um sinal claro, segundo algumas fontes consultadas, de que as especulações sobre a desistência estariam em consolidação.
Vilmar fez o comunicado e, ato sequinte, fez um evento da filiação do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira, ao PSD. Mesmo que ele dissesse que não “seria candidato a nada”, ficou uma impressão de que este ato é a sequência de um anúncio posterior alinhado com a chapa do governador Ronaldo Caiado (UB).
Na entrevista coletiva, Vieira reforçou que ajudou o chefe do Executivo a reorganizar o Estado de Goiás e, por isso, tem compromisso político com ele. Meirelles não percebeu que o presidente da Assembleia está formatando as chapas proporcionais junto com o MDB e com o União Brasil de Caiado. Ou seja, o acordo da chapa já não passava pelo pré-candidato ao Senado há muito tempo.
Ato posterior, Meirelles suspendeu a entrevista coletiva que daria e que anunciaria a candidatura a Senador. No entanto, resolveu pela suspensão e retornar ao Estado de São Paulo. Havia, então, a indicação de que ele formalizaria a desistência, mas, agora, dá sinais de resistência.
Na prática, Meirelles tem como opção buscar uma outra filiação partidária para manter o projeto da candidatura ao Senado. E, resta absorver o que pode ser entendido por ele como uma traição.
Conste em ata: Vilmar Rocha mantém o telefone desligado e está usando outro aparelho para falar das articulações.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .