22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 29/05/2023 às 06:16

Vilmar Mariano prepara reforma administrativa projetando 2024

Vilmar Mariano tem se aproximado de Daniel Vilela, vice-governador e presidente do MDB em Goiás (Foto: Divulgação)
Vilmar Mariano tem se aproximado de Daniel Vilela, vice-governador e presidente do MDB em Goiás (Foto: Divulgação)

Assim como o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), Vilmar Mariano (Patriota), chefe do executivo em Aparecida, calcula os passos em uma reforma do secretariado, de olho em pavimentar e fortalecer seu nome para o projeto de reeleição em 2024, em meio a um cabo de guerra tocado com o presidente da Câmara dos Vereadores, André Fortaleza (MDB) que hoje postula uma candidatura no ano que vem.

No cargo de prefeito de Aparecida, herdado a partir da renúncia de Gustavo Mendanha (Patriota), que saiu para concorrer a um cargo ao Palácio das Esmeraldas, nas eleições em 2022, Vilmar Mariano ainda carrega consigo o “fantasma” do antecessor: entre aparecidenses, há quem diga que Mendanha vá retornar ao cargo, num desconhecimento sobre a legislação eleitoral e até quem sequer saiba quem é o atual mandatário do município.

Vilmar Mariano vai, nas próximas semanas, promover mudanças pensando em capitalizar seu nome para as eleições do ano que vem. Já conversou com o PT e o PSDB, de Adriana Accorsi e Marconi Perillo. Ambos os partidos devem entrar para a gestão nos próximos dias. Mas não só. Mariano também busca se reaproximar de Gustavo Mendanha e não deixá-lo sair do seu grupo.

É verdade que Gustavo, ainda maior cabo eleitoral do município, e Mariano nunca chegaram a romper, mas houveram fissuras no relacionamento. A saída do secretário da Fazenda, André Rosa da gestão e os rumos que o atual prefeito toca para a área fazendária parecem incomodar o ex-prefeito. Seja como for, Mendanha minimiza as especulações. “Vilmar precisa tocar sua administração sozinho. Ele é o prefeito”, disse em conversa com este repórter.

Entre as trocas mais sensíveis no radar estão a Educação, a Articulação Política e a Ação Integrada, do Governo e Casa Civil, além do Meio Ambiente, já feita. A primeira deverá ser entregue ao PT. Vilmar Mariano aposta que o bom diálogo que tem com o secretário-executivo das Relações Institucionais, Olavo Noleto, que já foi secretário do município, possa render bom trânsito e investimentos no Governo Federal.

Mas o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) também está atento e articulando que seu partido possa voltar ao primeiro escalão na gestão Mariano. Ambos se encontraram neste domingo (28) e o prefeito fez questão de registrar o encontro nas redes sociais. Ele estava acompanhado do secretário da Fazenda, Einstein Paniago e de Marlúcio Pereira (Articulação Política).

Na mesa de conversas está o nome do presidente do PSDB em Aparecida, Vanilson Bueno. Ele é produtor de eventos e ex-secretário da Ação Integrada, responsável pelos mutirões da cidade, deve retornar ao cargo. O encontro entre Vilmar e Marconi esquentou ainda mais os bastidores da política em Aparecida.

Vilmar Marino também tem em sua gestão o PL do deputado federal Alcides Ribeiro. O parlamentar indica três pastas na administração. A ideia de Mariano é fazer o que Gustavo Mendanha conseguiu em 2020: reunir para si o maior leque de alianças possível, para enfraquecer candidaturas oposicionistas na próxima eleição. O ex-prefeito foi eleito numa votação expressiva com praticamente 98% dos votos válidos.

É possível? “O prefeito Vilmar Mariano quer, preparar para 2024, uma aliança que enfraqueça o máximo possível as candidaturas da oposição. Ele vai conseguir? Deve conseguir, ainda mais com Mendanha e Vilela ao seu lado, mas não será tão ampla quanto Mendanha, em 2020 quando o prefeito eleito praticamente suplantou as oposições e reuniu um leque grande de alianças em seu entorno, trazendo para si PSL – de Bolsonaro ao PT – de Lula”, disse uma fonte.

A polarização de 2020 para cá aumentou muito. O PL, do professor Alcides, talvez não esteja na configuração política. O presidente do partido, senador Wilder Morais, já indicou que o partido terá candidato a prefeito, tanto em Goiânia, como em Aparecida. Em conversas reservadas, Alcides também dá sinais que, se o PL tiver candidato, não será outro senão ele que encabeçará a chapa.

Vilmar Mariano sabe dessas movimentações e é reticente se, no fim das contas, Alcides cravará apoio à sua reeleição. A interrogação ainda irá render episódios dentro dos próximos meses e poderá promover novas mudanças no secretariado, afinal de contas, o deputado federal tem pelo menos três indicações no primeiro escalão do governo.

Em seu retorno ao MDB, Vilmar Mariano abre caminho para uma indicação do vice-governador Daniel Vilela para retomar a Cidade Administrativa. O ex-deputado federal Euler Morais que hoje está no Palácio das Esmeraldas como auxiliar de Vilela é cotado para um cargo na gestão Mariano. “É uma pessoa que conhece a cidade como ninguém. Tem trânsito entre o setor produtivo e político. Trata-se de um nome relevante para a administração”, avalia um fonte ligada ao atual prefeito.

Por fim, Vilmar Mariano pretende voltar a ter laços estreitos com Gustavo Mendanha. Como já dito, o ex-prefeito não rompeu mas se distanciou do atual gestor que pretende entregar cargos relevantes. Na atual composição, está o da Articulação Política, hoje nas mãos de Marlúcio Pereira (Republicanos) e o de Governo e da Casa Civil, vago desde que o titular Fábio Passaglia deixou o posto. Davi Mendanha, primo de Gustavo, deve ocupar seu cargo.

O problema? Davi não seria indicação de Gustavo e sim opção de Vilmar. “Ele já está na gestão desde o início do mandato de Vilmar”, destaca Mendanha. No entanto, o ex-prefeito dá votos que haja um futuro bom ao Mariano. “Estou a disposição de ajudar, mas ainda não indiquei ninguém. Ainda não caminhamos nesse sentido”, resume em conversa com este repórter.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.