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Se Nion Albernaz ficou conhecido como o “prefeito das Flores”, por embelezar as praças de Goiânia com flores. Paulo Garcia ficou conhecido como o “prefeito das bicicletas”, por ter implantado ciclovias na cidade e ainda por ter incentivado esse tipo de transporte.
Há um ano, após infarto fulminante, morria o ex-prefeito da capital. Foi em um domingo, 30 de julho de 2017, no final da madrugada que Paulo Garcia deixava este mundo.
A administração de Paulo teve coisas ruins como: duas fortes crises na coleta de lixo, dois pedidos de impeachment na Câmara Municipal de Goiânia, a não conclusão do BRT Norte Sul, entre outros pontos. Paulo Garcia deixou a administração com popularidade baixíssima.
O objetivo deste artigo não é indicar as coisas ruins da gestão dele, mas sim apontar um dos seus principais legados: a mobilidade urbana por meio da bicicleta.
Transporte urbano não deve ser pensado apenas na lógica do individualismo de carros e mais carros pelas ruas e avenidas de Goiânia. Não deve ser pensado com a simplista e rasa proposta de entupir as ruas de ônibus, sem o mínimo ordenamento.
Transporte urbano deve ser integrado, primeiro com um transporte coletivo eficiente, em que o passageiro tenha a certeza que ele vai chegar ao ponto de ônibus e vai até ao destino, num transporte, digno, seguro, rápido e que tenha um horário regular.
Em segundo plano, com alternativas. A bicicleta é uma delas. Em trechos de pequenas e médias distâncias, a bicicleta pode ser vantajosa, em comparação com carros de passeio e até mesmo com ônibus.
Mas, não é simplesmente colocar a bicicleta na rua. O ciclista fica exposto. Eu que o diga. Em 2012, me envolvi num acidente de bicicleta no Setor Pedro Ludovico, por falta de respeito de condutores de carros de passeio e pedestres.
Paulo Garcia iniciou a construção de pistas compartilhadas entre ciclistas e pedestres, ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas. Para incentivar o uso do modal, o ex-prefeito procurou dar exemplo. Foi várias vezes trabalhar na prefeitura, usando a bicicleta.
Em meados de 2015 e 2016, ao me deslocar para o trabalho, vi o ex-prefeito sozinho ou acompanhado do ex-secretário Nelcivone Melo ou ainda com menor frequência, do ex-presidente da Comurg, Edilberto Dias. Não havia segurança, não havia ciclovia.
A primeira vez que Paulo Garcia falou publicamente sobre andar de bicicleta, eu estava presente. Foi em 20 de agosto de 2015, durante inauguração do Centro de Esportes do Jardim Guanabara.
Na ocasião, Paulo Garcia disse que se condicionaria fisicamente para andar de bicicleta, que iria de casa para o trabalho. Ao ver o discurso, achei que seria mais uma conversa fiada de político. Ao final do evento, chamei o então assessor da imprensa do prefeito, Luís Carlos Lopes e comuniquei que gostaria de acompanhar o prefeito.
No dia 11 de setembro daquele ano a agenda foi cumprida. Saímos de frente à casa dele no Setor Bela Vista e fomos até a sede da Prefeitura de Goiânia. Paulo Garcia cumpriu a palavra. Foi uma surpresa para mim naquela ocasião.
Ciclovias foram feitas, ciclofaixas pintadas, ciclorotas criadas. No entanto, hoje parte deste legado está apagado, mal aproveitado. Felizmente existem projetos da atual gestão da SMT para recuperar a sinalização cicloviária de Goiânia, implantada na gestão do “prefeito das bicicletas”.
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