A Universidade Estadual de Goiás (UEG), com a reestruturação administrativa apelidada de Nova UEG, nasce “sem qualquer resquício das velhas práticas que tanto lesaram a instituição’, afirmou o Secretário de Desenvolvimento e Inovação, Adriano Lima, em nome do governo de Ronaldo Caiado (DEM), em nota com contraposição à divulgação feita pelo ex-governador Marconi Perillo (PSDB), no sábado (18).
No documento, em tom duro, o secretário afirma que “o ex-governador Marconi Perillo também mente ao dizer que houve redução no orçamento da Velha UEG em 2019. No ano passado, foram gastos R$ 309 milhões para o custeio da universidade, incluindo recursos destinados a quitar vencimentos atrasados das folhas de novembro e dezembro de 2018, último ano de administração do PSDB, partido de Marconi. Não é à toa que mentira e enganação foram dois dos inúmeros motivos por ele ter sido enxotado da vida pública pelos goianos”.
Perillo afirmou que o governo Caiado reduziu o orçamento da instituição em quase R$ 100 milhões no ano passado, o equivalente a um terço (33%) do valor executado em 2018, que totalizou R$ 300 milhões.
Na nota, o secretário relembra que ex-reitores da UEG foram retirados e processados por problemas jurídicos que culminaram, inclusive, com condenações por prisão.
NOTA NA ÍNTEGRA
A Nova Universidade Estadual de Goiás (UEG), sancionada na última sexta-feira (16) pelo governador Ronaldo Caiado, nasce sem o pecado da corrupção, um dos alicerces da gestão do ex-governador Marconi Perillo. Agora existe um compromisso com a ética e a transparência, algo que não se via dos ex-gestores nomeados por Marconi. Tanto que dois foram presos e um terceiro foi afastado e é investigado por desvio dos recursos do Pronatec. Gestão é uma marca negativa do ex-governador Marconi: réu em 32 processos por improbidade administrativa e em quatro criminais. Isso explica o descalabro na “Velha UEG”.
A frase “É ilegal, mas é virtuoso”, proferida por um membro do antigo Conselho Universitário da Velha UEG ao defender que não se cumprisse uma decisão da justiça, mostra bem o modus operandi da universidade durante os mandatos de Marconi e de seus asseclas. Entre 2015 e 2018, por exemplo, auditoria da Controladoria-Geral do Estado mostrou que foram abertos 30 cursos sem o menor planejamento, apenas para atender a interesses de alguns aliados políticos que viam na ação a melhor forma de conquistar votos em suas respectivas regiões. Sem pensar na qualidade e na estruturação dos cursos.
Aliás, Goiás sabe que outra grande marca dos governos de Marconi Perillo foi a dilapidação dos patrimônios goianos. Infelizmente não chegamos ao governo a tempo de salvar a Celg e expor toda a falcatrua na empresa. Resultado? Marconi conseguiu deixar Goiás com umas das piores distribuidoras de energia elétrica. A população se revolta a cada dia que falta energia e se recorda do “engenheiro” dessa venda: Marconi. Ele tentou fazer o mesmo com a Saneago, mas já encaminhamos um caminho virtuoso para a empresa. E agora fazemos o mesmo com a Nova UEG.
E não é por acaso que a posição da Velha UEG em todos os rankings de renome pelo País foi vexatória nas gestões de Marconi. No Ranking Universitário Folha (RUF), promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, a Velha UEG ocupa a 108º posição, mesmo tendo gastado R$ 213 milhões em suplementações orçamentárias entre 2012 e 2018. Para efeito de comparação, a Universidade federal de Goiás (UFG) ocupa a 20ª posição no mesmo ranking recebendo menos recursos que a Velha UEG.
Por isso, falar em autonomia da Velha UEG é ignorar o uso eleitoreiro e político da universidade, o que ficou claro logo nos primeiros meses da nova gestão que assumiu o Estado em 2019. O então reitor Haroldo Reimer se reuniu com membros do governo estadual para oferecer o que chamou de “proteção política” ao governador Ronaldo Caiado. O que foi rechaçado duramente porque o atual governo não compactua com as práticas dessa velha política onde Marconi se formou.
Essa oferta de Reimer era apenas a continuação do que ele já vinha fazendo desde que fora nomeado interventor da Velha UEG, ainda em 2012, pelo ex-governador Marconi Perillo. Em vez de se preocupar com as demandas administrativas e acadêmicas, os reitores indicados na Velha UEG tinham que dar conta de interesses políticos locais, contribuindo para uma expansão sem planejamento da universidade, que chegou a ter absurdos 41 campi, sendo que a Universidade de São Paulo (USP), a maior universidade estadual do País, possuiu apenas 10 e se destaca em vários rankings, liderando inclusive alguns deles.
Marconi sempre interferiu nos caminhos da Velha UEG, sendo responsável, ao mesmo tempo, por ferir a autonomia da universidade e dilapidar o patrimônio dela indicando pessoas sem o devido respeito à coisa pública.
Essa nomeação de reitores, aliás, é outra prova cabal da falta de autonomia da Velha UEG durante os anos de Marconi à frente do Estado. Em 1999, ele nomeou José Izecias, que permaneceu no cargo até 2008, sendo substituído por Luiz Antônio Arantes, também indicado ao cargo pelo ex-governador.
Em 2012, Arantes foi afastado por irregularidades em seu mandato à frente da Velha UEG. Mais uma vez, Marconi indicou um interventor, sendo Haroldo Reimer o escolhido. Izecias e Arantes foram condenados a penas de 6 a 7 anos pelas irregularidades cometidas à frente da Velha UEG durante os mandatos de Marconi. Em março de 2019, Reimer foi afastado do cargo acusado de ter desviado R$ 1,29 milhão de recursos federais do Pronatec em benefício próprio, de parentes, amigos e sócios.
O ex-governador Marconi Perillo também mente ao dizer que houve redução no orçamento da Velha UEG em 2019. No ano passado, foram gastos R$ 309 milhões para o custeio da universidade, incluindo recursos destinados a quitar vencimentos atrasados das folhas de novembro e dezembro de 2018, último ano de administração do PSDB, partido de Marconi. Não é à toa que mentira e enganação foram dois dos inúmeros motivos por ele ter sido enxotado da vida pública pelos goianos.
Os atrasos salariais são mais uma evidência do descaso das gestões do PSDB com a Velha UEG. Além de não pagar servidores, professores e bolsistas, deixando de cumprir a obrigação de qualquer gestão séria, o governo anterior aprovou uma dramática redução no orçamento da universidade para 2019, enviando para a Assembleia um orçamento de R$ 204 milhões para 2019, mesmo sabendo que ela havia gasto R$ 300 milhões em 2018.
Esse era o cenário na Velha UEG durante os anos de Marconi e seus aliados no comando do Estado. A partir de agora, porém, a universidade tem, verdadeiramente, ferramentas para caminhar, crescendo de maneira responsável e atendendo a critérios acadêmicos e pedagógicos.
Na Nova UEG, os campi, que passaram de 41 para o 8, cuidam apenas de suas questões regionais, unificando as discussões acadêmicas para as 33 Unidades Universitárias e os cinco Institutos Acadêmicos, criados para unificar o ensino dentro da universidade, evitando aberrações como a existência de cursos de Administração com duração de cinco ou quatro anos e meio.
A Reitoria da Nova UEG foi adequada ao compromisso de transparência e ética dessa gestão, passando a prestar conta de seus gastos, o que era inexistente até então. Em 2019, foram feitas adequações no quadro de servidores e professores, atendendo a decisões e determinações do Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas do Estado para a redução de contratos temporários. Aliás, na Velha UEG, a duração desses contratos era de 1 ano, mas persistiram ilegalmente por quase 20 anos.
É um compromisso do governador Ronaldo Caiado respeitar a autonomia universitária, assim como é um compromisso dar todas as condições para que a Nova UEG esteja, até 2022, entre as 50 melhores universidades do Brasil. A educação é uma mola propulsora do desenvolvimento e, portanto, precisamos avançar.
Nos próximos meses, já com os instrumentos criados pela reforma administrativa, a universidade terá os meios institucionais para discutir sua reforma acadêmica e pedagógica, ficando, definitivamente, livre das amarras impostas pelo ex-governador que só se preocupava em se manter no poder a qualquer custo.
Com seriedade, criamos uma Nova UEG. O que vem pela frente, a partir de agora, é uma universidade que respeita o dinheiro público e que é pautada pelo cuidado na formação do aluno, pela valorização do servidor, pelo investimento em pesquisa e em extensão, garantindo que as necessidades da população sejam atendidas, em respeito a vocação de cada região do Estado. A luz do conhecimento vai guiar a Nova UEG, que será, com toda a certeza, orgulho dos goianos. Sem qualquer resquício das velhas práticas que tanto lesaram a instituição.
Adriano da Rocha Lima
Secretário de Inovação e Desenvolvimento
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .