28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 14/04/2017 às 16:01

Tudo junto e misturado na corrupção

Pensando aqui.

Os partidos, os políticos e os discursos se igualam hoje no Brasil, pós lista do Fachin. Estão todos na vala comum da malhação pública.

Nem os inocentes escapam, porque ninguém acredita que haja inocentes. Há os que conseguiram escapar; os que dessa vez não foram pegos; e os que vão cair, só uma questão de tempo.

A exposição, porém, não é apenas dos políticos. É também dos eleitores, que vira e mexe validam as práticas que sustentam a política brasileira.

Porque é sabido que o que veio a público nada mais é do aquilo que todos estão carecas de saber no silêncio dos acordos de cúpula e de compra e venda de votos.

A hora, porém, é dos políticos, claro. Eles é que foram pegos com a boca na botija. Eles que paguem o preço.

Mas convenhamos…

Engraçado ver que algumas pessoas espantadas com tudo que acontece, outro dia estavam negociando interesses privados com esses mesmos agentes.

Contratos para empresas, empregos em gabinetes, tratativas outras, nem sempre republicanas, tudo correndo solto como parte de um jogo conhecido e admitido por todos, em tradicional cumplicidade.

Assim. A indignação é via de mão única: vale para o erro alheio, não vale para o próprio comportamento.

A revolta é desbragada para ir, mas tem outra conotação e interpretação se a moral e cívica que a sustenta é redirecionada ao ponto de partida.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa dependendo se vale para mim ou se é relativa apenas aos outros. Sabe como é, né.

Não que o povo ser a base da política, e dos políticos que elege, justifique os fins a que chegamos. Não se trata disso.

É que fica difícil acreditar em mudanças nas regras do jogo se o que se enxerga como solução não vai além da substituição dos jogadores.

Os jogadores são substituídos – alguns, revalidados – de quatro em quatro anos. E olha o que temos.

Para mudar tudo é preciso mudar verdadeiramente tudo.

Mudar tudo para ficar tudo do mesmo jeito é apenas um jeitinho de mudar de endereço a hipocrisia.

Mas estou só pensando.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).