A manifestação dos servidores da segurança pública do Estado de Goiás, denominada Produtividade Zero, apresentou novos ingredientes e, como resultado, levou a uma ampliação do conflito entre o governo do Estado e integrantes dessa área. A discordância entre as partes já dura algumas semanas, desde quando o governo tomou a iniciativa de enviar projeto que alterava a data de pagamento da Data Base dos servidores num adiamento para 2018.
Ao fim do ano, o governo de Marconi Perillo gerou profundos desgastes com os servidores públicos com os referidos projetos aprovados na Assembleia Legislativa – o Estado tem a maioria dos deputados – sem nenhuma possibilidade de convencimento que alterasse o objetivo da administração estadual.
A Operação Produtividade Zero – feita após a aprovação do projeto que desagradou aos servidores da área da segurança – teria maior validade ou repercussão se fosse programada para o período em que o projeto do governo era debatido na Assembleia? Provavelmente, sim. As 14 entidades sindicais da segurança pública até pensaram na possibilidade de uma paralisação, mas a ideia não foi aprovada na assembleia das categorias.
Agora, indicaram as lideranças, a manifestação teriam o objetivo de reverter a decisão ou orientar para um caminho de negociação entre servidores e o governo de Goiás. Certamente, esse ano, tal fato não está no campo das prioridades da gestão estadual.
Assim, aumentada a tensão, os servidores contabilizam que o fato positivo foi a unificação das 14 entidades da segurança pública – fato novo que raramente é conseguido nas mobilizações sindicais da área. Para o governo, a análise é de que o movimento não foi tão forte, mas causou uma preocupação grande, pois alcançou a opinião pública é elevou a sensação de insegurança.
Há que se considerar que as eleições de Marconi Perillo tiveram apoio de muitos líderes e entidades da segurança pública. De certa forma, sentem-se desprestigiados e frustrados por causa da força política que deram e, agora, com a retirada do reajuste, o governador desanimou – e decepcionou – a categoria.
O governo de Marconi Perillo fecha o ano com uma condição financeira de queda na receita – descontada a inflação – que não permite novos reajustes salariais. A situação é real por causa da queda na arrecadação de impostos gerada pela crise econômica brasileira que atinge não só o caixa do Estado, mas das prefeituras e Governo Federal. É por isso que uma crise não interessa a ninguém, a não ser aos objetivos políticos de alguns. O “quanto pior, melhor” atinge também o caixa dos governos estaduais.
O ano de 2015, o governo do Estado teve muitas notícias negativas para os servidores e para vários segmentos da sociedade por causa da carência de recursos – a paralisação das obras foi um dos fatos. No primeiro ano, até que o discurso pode ser sustentado, no entanto, a partir do segundo ano o disco precisa de uma mudança.
Se passar mais um ano com o clima da dificuldade e do arrocho, Perillo terá, certamente, dificuldades com reeleição e na ajuda a seus candidatos a prefeito, pelo interior. Está na hora de começar um novo governo? Sim, e disso os aliados de Marconi sabem muito bem. Ele, mais do que nunca, torce pela reversão do ambiente de crise econômica no Brasil. Não há criatividade que se sustente quando faltam recursos para o caixa do governo desenvolver seus projetos e agradar aos servidores.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .