Por 253 votos, o presidente Michel Temer (PMDB) saiu-se vitorioso na aprovação do relatório que rejeitou a aceitação da denúncia da Procuradoria Geral da República contra ele. Ganhou, apesar contar apenas com uma parcela que não consegue aprovar reformas como a da previdência. O presidente tinha, no começo do mandato, o volume de votos para conseguir o que quisesse na Câmara dos Deputados e no Senado. Agora, não mais. Após um ano, a base de Temer ruiu. Ele fica no cargo para o bem de todos, inclusive da oposição.
Para os oposicionistas de Temer, está tudo indo muito bem. Melhor que ele fique amargando o desgaste do governo como o presidente que tem a pior avaliação de todos os tempos, pois, assim, será um adversário fácil de ser combatido – e batido – na próxima eleição. Vai distribuir desgaste para todos que apoiam o atual governo.
A manutenção do governo Temer, então, é um prêmio para a oposição. Ele fica no governo enquanto enterra seus aliados e dá margem para crescimento de seus adversários. Na ponta, está Luís Inácio Lula da Silva (PT), que é candidatíssimo a presidente – até quando a condição legal permitir e enquanto não vira ficha-suja” nos julgamentos da segunda instância – e que lidera as pesquisas eleitorais com larga folga para os tradicionais adversários do PSDB.
Temer fica, inclusive, baseado no fato de que os eleitores já assimilaram que não adianta ficar trocando de presidente todo ano. As panelas que batiam nos edifícios e manifestações contra a ex-presidente Dilma Roussef sumiram quando o mesmo pedido de afastamento chegou contra o atual presidente. O eleitor acomodou-se com o atual governo.
Os protestos do “Fora Temer” que foram alimentados, principalmente pelas entidades sindicais de esquerda, sumiram do cenário político. Com baixíssima mobilização, não alcançam nem de perto, as manifestações que aconteceram logo após o afastamento de Dilma Roussef e posse de Michel. Ao que parece, economizam forças para o embate que está por vir na eleição de 2018. O “Fora Temer” é maior nas redes sociais do que fora delas.
Temer no governo é bom para a oposição e para seus aliados, afinal o exercício do poder é acompanhado de possibilidades de reforço político para as próximas eleições com as “emendas parlamentares”. O que importa é levar “benefício para o povo”. 2018 já começou. Agora, a base do atual presidente pode perder partidos – apesar dos benefícios do poder – que preferirão um desatrelamento político para o enfrentamento eleitoral. Ficar com Temer foi bom até agora, mas na disputa eleitoral ele será um fardo pesado para carregar.
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Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .