Michel Temer fica. Mas fica como?
O presidente disse que não renunciará, mostrou disposição para resistir. Nada tem a temer.
Anrã.
A decisão é corajosa, e inevitavelmente desastrosa para o País.
Não encerra. Antes, precipita. Deixa o País no abismo, sem saber o que há mais embaixo.
Para ficar e ter condições de governar, Temer terá de fazer mais do mesmo, muito mais.
Se antes ele estava negociando verbas do orçamento para convencer deputados e senadores a votar suas medidas, de hoje em diante terá de negociar mais.
Mais, quer dizer que custará mais cara a sua governabilidade.
Temer não tem apoio popular (92% de desaprovação) e só tem apoio legislativo nessa base aí, do toma lá, dá cá.
Desde ontem, isso mudou. Para pior – pior para ele. Para o País, em outra medida.
Nos próximos dias teremos um presidente pagando caro para ter uma presidência, e um povo pagando mais caro ainda para o presidente resistir.
Dá para andar com a pauta de reformas da Previdência e das leis trabalhistas com um clima deste, com gravações mostrando tal descalabro moral e um grupo político apostando no esculacho para não afundar?
Dá para um ministro sentar com quem quer que seja e propor soluções de longo prazo para o País, se tudo pode acabar amanhã?
A decisão de Temer não mostra um homem abnegado, um estadista acima de todos.
Mostra o oportunismo e a falta de compromisso de um homem que chegou ao poder traindo companheiros, e que não admite sair de lá mesmo que para isso precise negar o inegável, desafiando Deus e o diabo – porque o povo, já era.
Temer não é maior que o País que precisa seguir em frente. Ele se prova tão menor que, ao que parece, precisará ser expelido para que o mal não aumente.
Temer fica? Mas fica até quando? E quem o acompanhará?
Está claro que isso não vai ficar assim.